O NAM! vai ser tema do Sociedade Civil da RTP2, na próxima quarta-feira, dia 5, a partir das 14h. Vão ser difundidas reportagens com Edmundo Pedro, sobre o Aljube de Lisboa, de Fernando Vicente, sobre a prisão de Caxias e, no estúdio, para responder às questões que vierem a propósito, estará Nuno Teotónio Pereira.
Recorde-se que, no mesmo dia, às 18,00, tem lugar o já anunciado debate sobre o Dever de Memória.
É preciso que o cartoon irónico de Luís Afonso não passe disso, de um sorriso de distanciamento destes “outros tempos”.
“Uma colónia penal para presos políticos”, assim a definiu Salazar. Era uma “necessidade” face aos “novos tempos”, isto é, a guerra civil em Espanha. Para os fundamentalistas do Estado Novo era a certeza da inclemência do regime para com os inimigos. O tempo do “puxão de orelhas dado a tempo”, preferido pelo seu chefe, ia ser substituído pela “disciplina férrea” dos regimes de Hitler e Mussolini. O fascismo português afirmou a sua brutalidade no Tarrafal — “o campo da morte lenta”. De 29 de Outubro de 1936 a 19 de Fevereiro de 1942 recebeu 330 detidos, todos jovens. Morreram lá 32 deles, até Francisco Miguel, o último detido, ser transferido para Caxias no dia 26 de Janeiro de 1954.
“A colónia penal destinar-se-á a presos por crimes políticos que devam cumprir a pena de desterro ou que, tendo estado internados em outro estabelecimento prisional, se mostrem refractários à disciplina (...)” – dizia o Decreto de 23 de Abril. Foi com base nesta imprecisa definição legal que o governo de Salazar enviou para o Cabo Verde mais de 300 perseguidos políticos. Um deles, Acácio Tomás Aquino, fez o inventário deste atropelo legal: “Dos 226 presos a viver no Tarrafal em 1944, 127 estavam ilegais. [Havia] 72 sem julgamento e 55 já tinham cumprido pena, perfazendo, no total, um excesso de 200 anos”.
Só com a Revolução de Abril é que o “campo da morte lenta” efectivamente encerrou, pois a partir de 1961, com a eclosão da guerra colonial, foi reaberto para lá encarcerar os dirigentes dos movimentos de libertação dos países africanos.
Os corpos dos 32 presos portugueses que lá morreram foram exumados e trazidos para o Alto de São João, ficando sepultados junto ao Memorial.
Para que a memória não se apague é fundamental que a Petição do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória! seja votada na Assembleia da República.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
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