segunda-feira, 14 de maio de 2007

Liberdade, liberdade!

Aproveito a oportunidade para reproduzir um texto do companheiro do movimento Jorge Martins, dando conta duma nova peça teatral alusiva à resistência anti-salazarista e à liberdade. Agradeço ao Jorge Martins ter acedido ao repto para colaborar com o blogue do NAM.
"Estreou na passada 5ª feira, no Bar do Teatro da Trindade, «LIBERDADE, LIBERDADE!», a nova peça de Filomena Oliveira e Miguel Real, dois autores com obra firmada há alguns anos: adaptação dramatúrgica de «Memorial do Convento» (1999) e de «A Voz dos Deuses» (2000); co-autores de «Os Patriotas» e de «O Ultimatum de 1890» (2001), de «O Umbigo de Régio» (2003) e de «1755, o Grande Terramoto» (2006). Filomena Oliveira também é autora de «Tomai lá do O’Neill» (1999) e da adaptação de «A Relíquia» e da tradução e versão dramatúrgica de «O Alquimista» (2005). Miguel Real é autor de uma vasta obra de ficção e ensaio, designadamente, «Geração de 90 – Sociedade e Romance no Portugal Contemporâneo» (2001), «Memórias de Branca Dias» (2003), «A Voz da Terra» e «O Marquês de Pombal e a Cultura Portuguesa» (2005), «O Último Negreiro» e «O Último Eça» (2006).
«Liberdade, Liberdade!» mostra-nos, com a provocada cumplicidade dos espectadores pela constante interactividade com os actores, a dura realidade portuguesa das prisões políticas entre os anos 40 e 60 do Portugal do Estado Novo e do salazarismo. No meio de um comício relâmpago num café de Lisboa, a PIDE irrompe subitamente e leva presos um estudante católico e um operário. Mais tarde, a polícia política prende também um militante comunista numa tipografia clandestina. Os três vão encontrar-se na mesma cela, onde se assiste à tortura e à coragem, à traição e à denúncia, à corrupção e à cumplicidade. A fuga torna-se uma obsessão para os presos, que acabam por ter destinos bem diferentes, em todo o caso de trágicos contornos. O Bar do Trindade acaba por ser um cenário perfeito para a eficácia deste inolvidável espectáculo. Com um excelente desempenho dos actores do Teatro Tapafuros, muito bem sublinhado pela orgânica sonora e, em particular, pela voz off de um Salazar pateticamente omnipresente, esta peça também é obrigatória para quem não quer mesmo, mesmo, mesmo esquecer os crimes da ditadura portuguesa.
Os autores explicam o que os levou a escrever «Liberdade, Liberdade!», um original de 2004 com encenação de Filomena Oliveira: «Criámos esta peça como hino de homenagem a todos os homens e mulheres que lutaram, morreram, foram presos e torturados para que Portugal pudesse ser livre»."
Jorge Martins

Sem comentários: