quinta-feira, 10 de maio de 2007

1900 - de Bernardo Bertolucci






TÍTULO DO FILME: 1900 (Novecento, ALE/FRA/ITA 1976)
DIRECÇÃO: Bernardo Bertolucci
ELENCO: Robert De Niro, Gerard Depardieu, Burt Lancaster,
Dominique Sanda, Donald Sutherland, Ainda Valli, Stefania Sandrelli.
243 min www.fox.home

RESUMO
O filme faz uma retrospectiva histórica da Itália desde o início do século XX até ao término da Segunda Guerra Mundial, com base na vida de Olmo, filho bastardo de camponeses, e Alfredo, herdeiro de uma rica família de latifundiários. Apesar da amizade desde a infância, a origem social fala mais alto e coloca-os em pólos política e ideologicamente antagónicos.
Através da vida de Olmo e Alfredo, o fime retrata o intenso cenário político que marcou a Itália e o mundo nas primeiras décadas desse século, representado pelo fortalecimento das lutas trabalhistas ligadas ao socialismo em oposição à ascensão do fascismo.
"Novecento" tornou-se um épico aclamado no mundo inteiro, sendo considerado pela crítica internacional como uma das principais obras do grande cineasta italiano Bernardo Bertolucci.

CONTEXTO HISTÓRICO
A primeira metade do século XX foi avassaladora para a história da humanidade. Em menos de 50 anos o mundo viveu a Primeira Guerra Mundial, a Crise de 1929, a criação do primeiro Estado socialista, o totalitarismo nazifascista, além da Segunda Guerra Mundial que deixou um saldo de 50 milhões de mortos entre 1939 e 1945.
Os primeiros anosdo século XX ainda eram marcados pelo neocolonialismo, que dividindo o mundo afro-asiático entre as nações industriais, gerou uma ferrenha disputa de mercados, acirrando as divergências nacionalistas, que culminaram na Primeira Guerra Mundial em 1914. Com o término do conflito em 1918, a Europa, principal palco da guerra, estava parcialmente destruída e as democracias liberais fragilizadas pela crise económica generalizada. Esse cenário acabou criando condições historicamente favoráveis para a propagação de ideologias, que apesar de terem em comum o anti-liberalismo, se antagonizavam nos seus objectivos finais.
Por um lado, o socialismo começava a emergir como força política em vários países europeus, principalmente após o êxito inicial da Revolução Russa em 1917. Na Itália, a crise da monarquia parlamentar agravava-se com as lutas políticas entre católicos e socialistas que impediam a formação de um governo de coligação. As agitações sociais eram cada vez mais constantes e a alta burguesia, temerosa de um levante comunista, não hesitou em apoiar um grupo nacionalista ainda inexpressivo, mas decidido a manter a ordem, mesmo que pela força. Nessa conjuntura surgia o Partido Fascista, fundado em março de 1919 na cidade de Milão por Benito Mussolini, um ex-combatente socialista. Dirigindo o jornal, "Popolo Dâ?T Itália", Mussolini organizou as milícias fascistas (camisas negras), na luta contra socialistas e comunistas. Diante de pressões e ameaças, a monarquia italiana resolveu ceder e os fascistas fizeram a sua triunfal "Marcha sobre Roma". Assumindo o ministério, Mussolini, o "Duce" (chefe), através de ações criminosas foi aniquilando os seus adversários, como aconteceu em 1924, com o assassinato do deputado socialista Matteoti. Alguns meses depois quase toda oposição estava esmagada.
A proposta final de Mussolini era a formação da "Grande Itália", através de uma política militarista e expansionista, que faria ressuscitar a geopolítica do antigo Império Romano. Com uma organização política monopartidária e alimentando um nacionalismo histérico na defesa de um Estado corporativo e intervencionista, o fascismo definia-se como um regime totalitário de extrema direita refletindo uma reacção extremada da burguesia mais reaccionária, frente à crise das democracias liberais e, principalmente, ao avanço das organizações partidárias de esquerda.
Esse mesmo cenário de apreensões e incertezas, agravado pelo "crack" na bolsa de N. Y. favoreceu o fortalecimento do fascismo noutras nações. Na Alemanha, com base nos mesmos princípios do fascismo italiano, acrescidos do anti-semitismo, o nazismo recuperava a economia e o orgulho nacional da nação germânica, humilhada pelas imposições, notadamente francesas, estabelecidas pelo Tratado de Versalhes após o término da Primeira Guerra. Com investimentos maciços na indústria bélica, Hitler alimentou o militarismo expansionista para formação do III Reich e no dia 1 de setembro de 1939, invadiu a Polônia, iniciando a Segunda Guerra Mundial. A vitória dos aliados (EUA, França, Inglaterra e URSS) contra o eixo (Itália, Alemanha e Japão), deu-se somente em agosto de 1945, após o ataque atómico dos EUA sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
Com a derrocada do nazifascismo, o cenário internacional do "pós-guerra" favoreceu tanto os governos liberais de carácter capitalista, como as repúblicas populares socialistas. As lutas de libertação nacional e a corrida armamentista nuclear entre os blocos capitalista (EUA) e socialista (URSS), estendeu-se até os anos 80, caracterizando o contexto da "guerra fria".




Bernardo Bertolucci (Parma, 16 de março de 1941) é um cineasta italiano.
Antes de fazer cinema, estudou na Universidade de
Roma e ganhou fama como poeta. Em 1961 trabalhou como assistente de direcção no filme Accattone, de Pier Paolo Pasolini. Em 1962, dirigiu La commare secca, mas obteve reconhecimento com seu segundo filme, Antes da revolução, em que já demonstrava o seu estilo político e comprometido com o seu tempo. Em 1967, escreveu o roteiro de Era uma vez no oeste, o melhor filme de Sérgio Leone.
Já nos
Estados Unidos, dirigiu O conformista (1970), que chegou a ser indicado para o Óscar de melhor argumento. Em 1972, a sua primeira obra-prima, O último tango em Paris, escandalizou meio mundo e deu a Bertolucci mais uma chance de concorrer ao Óscar, desta vez como director. Depois de fazer 1900, um filme monumental e muito ambicioso, Bertolucci partiu para o drama intimista em La Luna.
Poucos cineastas demonstram tanta versatilidade, mantendo sempre a sua marca autoral. Em
1987, consagrou-se com O último imperador, que recebeu nove Óscars, incluindo os de melhor filme e melhor diretor. Em O céu que nos protege (no Brasil), Um chá no deserto (em Portugal), nova obra-prima, rodado em 1990, em pleno deserto do Sahara, Bertolucci extraiu interpretações fantásticas de Debra Winger e John Malkovich. Seguiram-se O pequeno buda prejudicado por uma certa frouxidão narrativa.
Os seus últimos filmes falam de relacionamentos e sentimentos, são profundamente intimistas como e
Beleza roubada e Assédio. Bertolucci é um cineasta ousado, que gosta de movimentos de câmara sofisticados, roteiros inteligentes e não tem medo de experimentar, mesmo quando trabalha com grandes orçamentos. Está em plena atividade e certamente vai virar o século à procura de um novo "clássico" para a sua já ampla colecção.
Da Wikipédia

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