domingo, 15 de junho de 2008

Suspensão do Blogue

Por decisão da Direcção da Associação Movimento Cívico «Não Apaguem a Memória!», este blogue suspende hoje a sua actividade.

Os objectivos que procurou atingir serão em parte assegurados pelo «site» da Associação. Num outro registo, serão complementados por um novo blogue que acaba de ser lançado, «Caminhos da Memória», não institucional – na medida em que não vincula a Associação nem os seus Órgãos Sociais –, mas cujo núcleo redactorial é, na sua maioria, constituído por sócios do NAM.

A ligação à Associação fica assim assegurada, bem como a identificação com a sua missão e a promoção, na blogosfera, da sua presença e das suas actividades.

Esperamos que «Caminhos da Memória» possa vir a ser uma montra da nossa procura constante de dar voz a diferentes formas de lembrar, de evocar e de interpretar o passado, recorrendo a leituras contemporâneas da história e da memória.

Endereço do novo blogue:

«Caminhos da Memória»


P.S.– Este blogue continua disponível para consulta, mas deixarão de ser publicados novos comentários.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O 10 de Junho, o chefe de estado e a sua memória

Um Texto de RUI FERREIRA

Aníbal Cavaco Silva, cumprindo o seu turno como chefe de estado, veio, neste dia 10 do mês de Junho, contribuir, uma vez mais, para motivar os seus concidadãos para a acção cívica e luta política.

Já como testa do poder executivo, Aníbal Cavaco Silva (ACS) havia motivado uma geração de alunos do secundário e do superior (sempre tão distraídos com rituais académicos e roques no rio ou noutros sítios) a vir para a rua gritar, nesse caso contra os seus visionários (e visionária) ministros da educação e respectivas políticas de acesso ao financiamento do ensino superior. Daquele impulso motivador ficou, como se sabe, a denominada “geração rasca”, uma das mais politizadas depois do 25 de Abril porque lhe foi mostrado que o conceito de aparato repressor do estado não é uma mera abstracção tardo-marxista; é o que emerge do processo de negociações, mesmo em democracia, quando a tutela se aborrece com a conversa.

Agora, ACS veio informar-nos que comemora (?) o “dia da raça”(!). A mim, o termo “raça” provoca-me a evocação das chegas de bois das regiões do Barroso ou de Miranda do Douro. Aparentemente, as chegas são muito úteis para aprimorar as respectivas raças e para melhorar as também respectivas postas, vianda a servir em sangue com acompanhamento a gosto. Aliás, a metáfora do sangue é útil: toda a proposta eugénica acaba em sangue, literalmente, e no prato, no caso bovino (que, de resto, tendo a dispensar) e, o que é infinitamente mais triste, também literalmente no caso humano, como atestam o Shoa, a Nakba, o genocídio Arménio,… a lista seria infindável.

O solarengo feriado do chefe de estado obriga-nos a colocar algumas questões e a proceder a uma reflexão. ACS é racista?… nada leva a crer, concedo. ACS é fascista?… espero bem que não. ACS tem automatismos psíquicos que, sob pressão, o levam a recuperar o vocabulário e os conceitos aprendidos nos bancos da escola sob o crucifixo e o retrato vigilante do senhor de Santa Comba? aparentemente sim, e aqui temos material para reflectir, especialmente porque as suas funções de estado o devem colocar frequentemente sob pressão.

Lembremo-nos que, se a memória é a matéria-prima da história (Jacques le Goff), a matéria-prima da memória são as micro-narrativas que se constituem quando se interpreta e se racionaliza a experiência. Se é evidente que a construção de qualquer narrativa histórica está sujeita a condicionamentos, desde logo por parte poder político, não é menos verdade que o processo de constituição da memória colectiva está sujeito a fortíssimas pressões. Este último é um processo que se desenrola na linguagem e que, portanto, é permeável a influxos, nomeadamente aqueles provindos da superstructura de um dado modo de organização social e cujo propósito ideológico é o de garantirem a subsistência desse mesmo modo de organização. Um exemplo concreto é precisamente a ficção engendrada pela máquina de propaganda do regime salazarista quanto à “raça portuguesa”, paternalismo racista, com vago enquadramento teórico na ideia de V Império, que leva, ainda hoje e apesar de toada a documentação em contrário, a que alguns portugueses pensem que o colonialismo português foi “mais brando” e que procurava uma comunhão de culturas.

Não sendo ACS conscientemente fascista ou colonialista, o seu lapso mostrou a eficácia do aparato de propaganda salazarista. A construção da memória faz-se, portanto, todos os dias e em conflito com ficções impostas, porque o passado não existe em si. E como a construção do aparato da memória social domina todos os problemas da evolução humana (André Leroi-Gourham), o futuro que queremos tem que ser desenhado hoje. Trabalhemos pois para salvaguardar a memória da resistência a para denunciar os aparatos fascistas que medraram durante o auto-denominado Estado-Novo. Muito trabalho ainda para o Movimento Cívico Não Apaguem a Memória.


sexta-feira, 6 de junho de 2008

Assembleia da República aprova Resolução para a preservação da Memória da Resistência e da Liberdade

Os partidos uniram-se hoje na aprovação, por unanimidade e aclamação, de uma resolução para promover o conhecimento da luta contra a ditadura e pela democracia, por iniciativa do deputado do PS e capitão de Abril Marques Júnior.

Na hora da votação, os deputados de esquerda (PS, PCP, Bloco de Esquerda e PEV) e parte dos do PSD aplaudiram de pé, enquanto parte da bancada dos sociais-democratas e do CDS-PP optaram por bater palmas sentados.

O texto, subscrito pelos líderes de todas as bancadas, propõe o apoio, por parte do Estado, à criação de um Museu da Liberdade e da Resistência, com sede na antiga Cadeia do Aljube, em Lisboa e de um Roteiro Nacional da Liberdade e da Resistência espalhado pelo país de locais ligados à luta antifascista e à revolução de Abril de 1974.

Durante o debate, todas as bancadas exprimiram o apoio à resolução e aos seus objectivos, como permitir que as gerações que não viveram a ditadura conheçam a luta de quem se opôs ao regime de Salazar e Caetano.

Um dos objectivos traçado na resolução é a introdução, "ao nível do ensino, incluindo ao nível dos programas curriculares, dos valores da democracia e da liberdade através do conhecimento da história contemporânea, com referência ao período da ditadura, ao seu derrube em 25 de Abril de 1974 e ao processo de consolidação do regime democrático".

O deputado socialista Marques Júnior confessou que a aprovação da resolução foi "um dos momentos mais gratificantes" que viveu no Parlamento e em que se celebram "os ideais mais puros e sublimes" do 25 de Abril.

O PCP, através do líder parlamentar, Bernardino Soares, afirmou que a resolução e as propostas feitas são importantes para que se faça "um combate ao branqueamento do regime salazarista e fascista".

Já Guilherme Silva, deputado do PSD, realçou a importância da resolução para lembrar às novas gerações "a conquista da liberdade e da democracia" em 1974, afirmando que "o 25 de Abril vai muito além dos partidos", até "pelo consenso que [o texto] recolheu" no Parlamento.

Fernando Rosas, historiador e deputado do Bloco de Esquerda, justificou o apoio do seu partido à necessidade de, em democracia, se preservar a memória histórica e apelou à "celebração do longo caminho pela democracia em Portugal".

O deputado João Rebelo, do CDS-PP, registou a adesão dos democratas-cristãos à iniciativa de Marques Júnior e afirmou que a resolução, como os valores da liberdade, "é de todos partidos e não só de um".

Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista "Os Verdes", assinalou também que a aprovação do texto é "tanto mais importante quanto existe hoje um risco para o branqueamento da ditadura".

O ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, qualificou a resolução como "uma homenagem àqueles que combateram pela liberdade, contra a ditadura".

A iniciativa da resolução, conduzida por Marques Junior, da discussão suscitada por uma petição do movimento "Não apaguem a memória" foi apresentada há mais de um ano.

Lusa 6/6/2008

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Conferência - «Humberto Delgado, o general sem medo»

O Núcleo do Porto da Associação Movimento Cívico «Não Apaguem a Memória!» tem vindo a desenvolver acções visando a preservação da memória histórica dos combates pela liberdade e pela democracia.

A próxima iniciativa, com apoio do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto, terá lugar no dia 30 de Maio (sexta-feira), no Palacete dos Viscondes de Balsemão (Praça Carlos Alberto), a partir das 21.30 h.

Numa sessão comemorativa dos 50 anos da campanha eleitoral de 1958, o professor Doutor Fernando Rosas proferirá a conferência intitulada Humberto Delgado, o general sem medo.

PORTO
30 de Maio de 2008 – 21.30 h
Palacete dos Viscondes de Balsemão
Praça Carlos Alberto, 71

terça-feira, 27 de maio de 2008

«Estado de Excepção»


(Clique para aumentar)


Dia 29 de Maio, quinta-feira, 21 horas, Fábrica Braço de Prata, em Lisboa.

Exibição do documentário Estado de Excepção, de Ricardo Seiça Salgado
seguida de conversa com Ricardo Seiça Salgado, Hélder Costa e Miguel Cardina


Estado de Excepção (Ricardo Seiça Salgado, 2007) - Documentário realizado a partir de um projecto etnohistórico sobre o CITAC (Circulo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra), desde que é constituído em 1956 até ao rescaldo da revolução de 1974. É a história do grupo de teatro universitário, do Teatro em Portugal e, através dela, de duas décadas marcantes da História de Portugal. A partir da Academia de Coimbra, reproduz-se a vida estudantil, a censura e a luta contra um regime que se esgotava e as contradições depois da revolução democrática, o papel da mulher da sociedade e o sentido de estar e ser no mundo.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Memória na Assembleia da República

Hoje, no Diário de Notícias:

Cadeia do Aljube recebe Museu da Resistência

Por SUSETE FRANCISCO

Proposta. Roteiro Nacional da Liberdade e da Resistência subscrito por todos os partidos

As instalações da antiga cadeia do Aljube, em Lisboa, devem ser reconvertidas na sede de um Museu da Liberdade e da Resistência - centro de uma rede museológica que reuna edifícios historicamente ligados ao combate à ditadura.

Esta é uma das propostas de um projecto assinado por todos os partidos com assento parlamentar, que recomenda ao Governo várias medidas no sentido de preservar a memória da resistência à ditadura e do combate pela democracia. "É chegado o momento de tomar medidas efectivas", refere o documento, sublinhando que esta é uma "obrigação política do Estado e dos órgãos eleitos no âmbito do regime político legitimado pela revolução de 25 de Abril de 1974".

Intitulado "Divulgação às futuras gerações dos combates pela liberdade, pela resistência à ditadura e pela democracia", o projecto propõe a criação de um Roteiro Nacional da Liberdade e Resistência, através dos "lugares e de edifícios-símbolo considerados de interesse nacional". Uma iniciativa que deve ser estendida ao plano regional, refere ainda o texto, propondo também a edificação de um memorial em Lisboa, que "como monumento público exprima a homenagem e o reconhecimento nacionais ao combate cívico e à resistência em prol da liberdade e democracia."

Apoio à investigação sobre o período do Estado Novo e promoção da história contemporânea portuguesa nos currículos escolares são outras medidas previstas, num texto que recomenda ainda uma política de cooperação com as ex-colónias, que permita a preservação do património "de luta comum pela liberdade" - caso em que é apontado o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.

O projecto surge na sequência de uma petição do movimento "Não Apaguem a Memória" (ver caixa ao lado) , uma iniciativa de um conjunto de cidadãos, motivada pelo protesto contra a transformação da antiga sede da PIDE, em Lisboa, num condomínio de luxo. A petição foi discutida em plenário em Março de 2007, e depois retomada pelo deputado socialista Marques Júnior. Após vários meses de negociações com todos os partidos, o documento final, consensual (o PCP tinha um projecto próprio, que deverá agora retirar) foi entregue quarta-feira na mesa da Assembleia da República.

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E no Jornal de Notícias:

PS quer manter memória da luta antifascista

Por Alexandra Marques

Um Museu da Liberdade que seja instalado na cadeia do Aljube, em Lisboa, como sede de uma rede de núcleos museológicos, e um Museu da Resistência a ficar sediado na Fortaleza de Peniche, são duas das propostas do projecto de resolução subscrito pelo socialista Marques Júnior, para que se seja perpetuada a memória do 25 de Abril de 1974.

A iniciativa legislativa destes socialistas é justificada, logo no início do texto, como sendo um contributo "para uma política de preservação da memória relativamente à resistência, à ditadura e aos combates pela liberdade e pela democracia" em Portugal.

Proposta é também a criação de um roteiro nacional da liberdade e da resistência, para estar junto dos lugares e de edifícios-símbolo de interesse nacional, no âmbito da resistência anti-fascista entre os quais se contam "os que são referências importantes na vitória da Revolução de 25 de Abril de 1974".

Para evitar que monumentos ligados ao combate ao regime do Estado Novo se continuem a degradar, acentuando-se o risco de ruína a médio prazo, o deputado do PS, Marques Júnior propõe ao Governo "a adopção de medidas de preservação.

E em certos casos, mesmo "de aproveitamento como espaços de conservação, investigação e divulgação da memória histórica". Além do "apoio a programas de investigação em História, Sociologia, Economia e áreas afins" que estudem o período contido entre Maio de 1926 e Abril 1974.

Preservar o Tarrafal

Das pretensões do diploma faz ainda parte a edificação, através de uma articulação com a Câmara Municipal de Lisboa (presidida pelo socialista António Costa), de um Memorial aos combatentes pela liberdade, na capital portuguesa.

Os socialistas querem desta forma que este memorial seja o um monumento público que, de forma permanente, "preste a homenagem e o reconhecimento ao nacionais ao combate cívico e à resistência em prol da liberdade e da democracia".

O diploma sugere ainda que o Governo accione uma cooperação com os países lusófonos africanos para a preservação do património comum na luta pela liberdade, como acontece com o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.

domingo, 18 de maio de 2008

Eleitos os órgãos sociais do NAM

A assembleia eleitoral para as primeiras eleições da associação Movimento Não Apaguem a Memória (NAM) decorreu ontem, na sua sede provisória na Rua da Emenda nº 107, (nas proximidades da Praça Luís de Camões e do Chiado).
Com 178 votos a favor, 10 votos em branco e 22 que a mesa eleitoral considerou nulos (votos por correspondência em que, contrariando as indicações, o eleitor colocou no mesmo envelope a cópia do BI e o boletim de voto) foi eleita a única lista que se submeteu ao voto. Notícia RTP e Visão.

Órgãos sociais eleitos:

Direcção

Presidente – Raimundo Narciso
Vice-Presidente – Lúcia Ezaguy Simões
Secretário – Jorge Martins
Tesoureira – Joana Lopes
Vogal – Diana Andringa
Vogal – Irene Pimentel
Vogal – Manuela Almeida

Assembleia Geral

Presidente – Isabel Patrício
Secretário – Rui Ferreira
Secretário – João Caixinhas

Conselho Fiscal

Presidente – Sérgio Parreira de Campos
Vice-Presidente – Joaquim Soares
Secretário – José Hipólito dos Santos

O programa eleitoral está aqui: [link]

O NAM visto do Expresso

Uma semana antes das primeiras eleições da associação Movimento Não Apaguem a Memória (NAM), o Jornal Expresso publicou, em 10 de Maio de 2008, um artigo de José Pedro Castanheira que fazia um balanço do período em que decorreu a discussão, decisão e preparação da passagem deste movimento a associação.

Eis o texto:

__________________

A lista única que se apresenta ao sufrágio de dia 17 está longe de significar uma unidade entre os membros da Associação Movimento Cívico Não Apaguem a Memória, conhecido pela sigla NAM. Os últimos meses foram marcados por alguma divisão e mesmo agitação, patente na abundante troca de «e-mails» que se verificou na rede informal que põe em contacto as várias centenas de filiados.

As primeiras divergências revelaram-se no plenário de 23 de Outubro do ano passado, na Associação 25 de Abril. Em causa estava a transformação do movimento em associação, com o que implicava de elaboração de estatutos e de eleição de corpos gerentes. Um grupo de associados defendeu que o NAM deveria preservar as suas características informais de movimento, com que nascera em 2005. Esta tese foi derrotada e o movimento passou mesmo a associação, por 37 votos contra sete. Uma proposta de comissão instaladora colheu a unanimidade dos presentes. A sugestão partiu de Raimundo Narciso, um militante do PS que, nos anos noventa, fora expulso do PCP, onde se distinguira como principal quadro da Acção Revolucionária Armada (ARA).

Um segundo plenário, a 23 de Fevereiro, discutiu o projecto de estatutos. As divergências voltaram ao de cima e surgiram mesmo duas listas para a nova comissão instaladora. Foi dispensada a contagem de votos, tendo ganho, por expressiva maioria, a lista apresentada de novo por Narciso. Dela faziam parte Vítor Santos e Fernando Vicente, inscritos no PCP, partido que se tem demarcado do NAM, até porque controla uma associação com objectivos semelhantes, a URAP (União dos Resistentes Antifascistas Portugueses). Santos e Vicente são dois ‘históricos’ da Festa do Avante!, alinharam com os ‘Renovadores’, mas não saíram do PCP.

Na preparação das eleições, chegou-se à ruptura. Não sem que, antes, tivesse havido uma negociação entre os “dois grupos” — terminologia utilizada por Raimundo Narciso, mas rejeitada por Fernando Vicente. Os dois encontraram-se para tentar uma lista de consenso. Narciso explicou que, após várias versões de lista, sugeriu que cada grupo indicasse metade dos elementos. “Infelizmente esta solução foi recusada e não havia mais nada a fazer”, lamenta.

Vicente, por sua vez, considera que “um movimento cívico deve incluir e não excluir. Ora, parece que alguns têm a preocupação de afastar os comunistas”. Com efeito, a lista única não inclui ninguém do PCP — ainda que existam vários ex-comunistas, como o próprio Narciso, candidato a presidente da direcção, e Manuela Almeida. Aliás, a lista está cheia de ex-militantes de partidos da extrema-esquerda:

Jorge Marfins (LCI), Diana Andringa (MRPP), João Caixinhas (UDP), Joana Lopes (PRP). Subscrevem-na 46 sócios, onde avulta o nome de Edmundo Pedro, um dos principais entusiastas do NAM. A beira de completar 90 anos, o ex-tarrafalista e militante do PS não hesitou em fazer numerosas viagens para angariar apoiantes. Realce ainda para António Arnaut (ex-grão-mestre da Maçonaria). Vera Jardim (PS) e Fernando Rosas (BE). De fora ficaram alguns importantes ‘fundadores’ do NAM, com destaque para os ‘capitães de Abril’ Duran Clemente e Martins Guerreiro, também eles conotados com o PCP.

JOSÉ PEDRO CASTANHEIRA
jpcastanheira@expresso.pt

sábado, 17 de maio de 2008

Colóquio comemorativo das Eleições Presidenciais de 1958 - Humberto Delgado, 50 Anos Depois - 20 de Maio de 2008

O Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa do ISCTE e a Fundação Humberto Delgado têm o prazer de convidar V. Ex.ª a participar no Colóquio Humberto Delgado. 50 Anos Depois: História e Memória, comemorativo das Eleições Presidenciais de 1958, que terá lugar no próximo dia 20 de Maio de 2008 no Auditório Afonso de Barros do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (Ala Autónoma).

Paralelamente decorre no ISCTE uma exposição fotográfica intitulada Humberto Delgado, o General sem medo.

Humberto Delgado. 50 Anos Depois: História e Memória
Cinquentenário das Eleições Presidenciais de 1958

ISCTE – Auditório Afonso de Barros
20 de Maio de 2008

Organização: Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa Fundação Humberto Delgado
Apoio: Fundação para a Ciência e a Tecnologia Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa


«Empenhei nesta batalha a minha vida, as minhas estrelas de general e toda a minha alma de patriota»
General Humberto Delgado, 14 de Maio de 1958

Programa
9H30 - Sessão de Abertura
10H00 -
Eleições em Tempo de Ditadura
«As Eleições de 1958 e o seu impacto no Estado Novo», Luís Nuno Rodrigues (CEHCP-ISCTE)
«Quem tem a tropa? Os militares e as Eleições de 58», Telmo Faria (Historiador, Presidente da C.M. Óbidos)
«Eleições de 1958 no “Arquivo de Salazar”», Dalila Cabrita Mateus (CEHCP-ISCTE)
11H15 - Pausa
11H30 - Eleições em Tempo de Ditadura (cont.)
«Humberto Delgado teria um plano para África?», Carlos Pacheco (Fundação Humberto Delgado) «Eleições e oposição: o “Terramoto Delgado” visto de Espanha», Juan Carlos Jimenez Redondo (Univ. CEU e UNED - Madrid)
«A calma antes da tempestade. A posição internacional do Estado Novo em finais da década de 1950», Pedro Aires de Oliveira (FCSH-UNL)
12H45 - Pausa para almoço
14H30 - Excertos de Vida em Imagens
Evocação Iconográfica de Humberto Delgado
Frederico Delgado Rosa (Fundação Humberto Delgado)
15H00 - Memória Individual da Liberdade
Testemunhos de: António Melo (jornalista); Alcino Soutinho (arquitecto); António Brotas (professor do IST); Fernando Dacosta (escritor); José Aurélio (escultor)
16H30 - Pausa
16H15 - Memória Individual da Liberdade (cont.)
Testemunhos de: Maria Antónia Palla (jornalista); José Costa Martins (coronel piloto aviador FAP); Lauro António (cineasta); Maria da Luz Veloso (jurista); Silas Cerqueira (sociólogo)
18H15 - Encerramento

CENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA
Ed. ISCTE – Avenida das Forças Armadas 1649-026 Lisboa
Tel: 21 790 30 94 Fax: 21 790 30 14 E-mail: cehcp@iscte.pt

terça-feira, 13 de maio de 2008

Um texto de Edmundo Pedro

Edmundo Pedro deveria estar a participar hoje, 13 de Maio, em Berlim, num Forum de Jovens Europeus, dedicado à preservação da Memória Histórica.

Foi para tal convidado a título pessoal, dado o seu passado de resistente, mas não deixaria de sublinhar o seu profundo empenhamento como membro da Associação Movimento Cívico «Não Apaguem a Memória».

Porque uma ligeira gripe o reteve em Lisboa, enviou a comunicação que a seguir transcrevo, dado o interesse que todos terão em conhecê-la.

N. B. - O original foi escrito em francês, eu própria traduzi-o para português.


Ao Forum da juventude europeia, reunido em Berlim, em 13 de Maio de 2008.

Para uma reflexão sobre os problemas ligados à preservação da Memória Histórica.

Meus caros jovens europeus,

Gostaria muito de estar convosco na abertura do vosso Forum que se reveste de uma actualidade e de uma importância fundamentais. Infelizmente, por razões de saúde, não me é possível corresponder ao vosso convite estando presente em Berlim.

No fim da minha longa vida, a participação num iniciativa deste tipo, como membro de uma associação que foi criada, no meu país, precisamente para a preservação da memória da resistência ao regime totalitário de Salazar – que tem o nome de «Não Apaguem a Memória» –, a minha participação na vossa reunião, repito-o, teria representado, para mim, um momento cheio de significado. Teria tido a oportunidade de apresentar um testemunho vivo do que foi, em Portugal, o regime totalitário inspirado pelo nazismo. A repressão não atingiu, no meu país, os aspectos dantescos, quase inconcebíveis, que caracterizaram o regime hitleriano. Mas, apesar disso, conhecemos a experiência concentracionária inspirada pelo modelo nazi, com tudo o que ela representou de humilhação e de degradação da condição humana.

Eu próprio – como tive a oportunidade de contar àqueles de vós que estiveram em Portugal – estive preso num campo de concentração quando tinha dezassete anos. Fui libertado no fim da segunda guerra mundial, com vinte e sete. Se Hitler tivesse ganho a guerra, o mais provável teria sido que eu e os meus companheiros tivéssemos morrido naquele campo de pavor que foi chamado «Campo da morte lenta», onde foram assassinados dezenas de prisioneiros, na sua maioria jovens.

Nessa época, eu era um jovem comunista convencido de que estava ao serviço de um projecto libertador. Enganaram-me. Mas a disposição de me sacrificar até à morte para aceder a um mundo mais livre e mais justo continuou a ser um valor para o Homem, na luta histórica pela dignidade da sua condição. Esta luta nunca termina. Ela é sempre actual. Passa pelo combate contra todos os regimes que não respeitam os Direitos Fundamentais do Homem, contra todos os inimigos da Liberdade – inclusive os que, insidiosamente, mascaram os seus projectos totalitários com aparências libertadoras.

Levar-vos-ia, portanto, meus caros jovens, o testemunho vivo de alguém que partilhou, com outros milhões de seres humanos, por toda a parte na Europa, as consequências do terror nazi que não poupou os países europeus mais ocidentais – esta Europa Comunitária, que hoje partilhamos em conjunto, e na qual não são tolerados regimes totalitários.

O futuro pertence-vos. Sois vós, portanto, caros jovens europeus, que tendes o dever de defender as aquisições sociais e políticas da nossa Comunidade de paz e de progresso, mas também de prosseguir os esforços para os aprofundar e consolidar.

A mensagem que vos dirijo é uma mensagem de esperança no futuro da construção colectiva da nossa comunidade. Mas é também uma mensagem que vos incita a uma vigilância permanente. A Liberdade não é uma aquisição garantida para sempre. É a vós, fundamentalmente, que pertence a tarefa de evitar o regresso a esse passado de horror a que, felizmente, fostes poupados. Sede vigilantes!

Incito-vos, meus caros jovens europeus, a continuar não só a vossa reflexão, mas também a acção concreta contra todas as tentativas de regresso a esse passado de humilhação e de ignomínia que foi o da Europa da minha juventude.

Gostaria muito de conhecer as decisões que vão sair do vosso Forum. Ficar-vos-ei muito grato se mas enviarem.

Para concluir, desejo-vos o maior sucesso para esta iniciativa tão oportuna e importante, ao mesmo tempo que envio as minhas mais calorosas saudações a todos os jovens que participam no Forum para a defesa da Memória histórica.



Edmundo Tavares Pedro

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Livro de Memórias - Lançamento

(Clique na imagem para aumentar)



José Dias nasceu em 1948. Foi dirigente católico, estudantil, partidário, sindicalista e associativo e assessor político.

Reside actualmente em Coimbra, onde preside ao Conselho da Cidade.

«As Mulheres de Alhandra na Resistência»






A Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo leva a efeito uma sessão de promoção do livro «As Mulheres de Alhandra na Resistência - Anos quarenta, século XX», da autoria de Antónia Balsinha.

A apresentação será feita pela historiadora Irene Flunser Pimentel.

No próximo dia 15 de Maio, a partir das 21,30 horas, na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Moçambique - Ordem dos Advogados quer transformar edifício da PIDE em «sede dos direitos e dignidade humanas»

A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) quer fazer da sua futura sede, no edifício onde funcionou a antiga polícia política do Estado Novo em Lourenço Marques, hoje Maputo, uma «sede do respeito dos direitos e dignidade humana»
Em declarações à Agência Lusa, o recém-eleito bastonário da OAM esclareceu ainda que uma das prioridades do seu mandato de cinco anos será encontrar financiamento para reabilitar o edifício, em avançado estado de degradação.

«O actual estado de degradação em que se encontra a Vila Algarve, confunde-se com o seu passado sinistro», realçou Gilberto Correia.

«A memória dos moçambicanos associa aquele sítio à violência macabra praticada pela PIDE contra a legítima oposição à repressão, mas se para lá efectivamente passar a Ordem, terá o simbolismo de que esse período sombrio é passado», adiantou.
O edifício foi entregue em 1999 à OAM, mas as obras de reabilitação da estrutura nunca arrancaram por falta de financiamento.

O novo bastonário da OAM, que tomou posse na semana passada, assegurou que o seu elenco «trabalhará com afinco» nos próximos cinco anos para conseguir os cerca de 600 mil dólares (cerca de 385 mil euros) necessários à reabilitação da Vila Algarve - o Governo moçambicano já prometeu apoiar com 40 mil dólares (cerca de 25 mil euros).
«É prematuro identificar parceiros que vão ajudar neste esforço, mas depois de uma análise, uma reflexão e um plano credível, será possível encontrar quem se interesse em ajudar», sublinhou o novo bastonário da OAM.

Ao entregar o local à OAM, prosseguiu Gilberto Correia, «o próprio Governo moçambicano quis transmitir a ideia de que o processo de construção de um Estado de direito em Moçambique é irreversível e não vai patrocinar abusos como a tortura». Actualmente, a sede da OAM funciona no primeiro andar de um prédio na capital moçambicana.

Além de restaurar a Vila Algarve, o novo elenco da OAM tem na manga o objectivo de negociar com o Governo moçambicano um contrato-programa, que permita à agremiação cumprir o seu «serviço público de patrocínio judiciário e defesa dos direitos humanos».

Tornar a justiça acessível a todos os cidadãos do pais e não um luxo para alguns é também outro dos propósitos da direcção de Gilberto Correia.
Lusa/SOL

Luís Neves Franco

domingo, 4 de maio de 2008

Eleições - Associação «Movimento Cívico Não Apaguem a Memória!»

N.B. - Esta documentação será recebida, individualmente, por carta ou por «mail».


Convocatória para a assembleia eleitoral da Associação
Movimento Cívico
“NÃO APAGUEM A MEMÓRIA”



Convocatória

A Comissão Instaladora, no cumprimento do mandato que lhe foi conferido pela Assembleia Geral Constitutiva da Associação informa que no sábado, dia 17 de Maio, terá lugar a assembleia eleitoral da Associação Movimento Cívico Não Apaguem a Memória!

Voto presencial
Para votar presencialmente, pode fazê-lo em Lisboa, na Rua da Emenda, nº 107, ao Chiado.
A urna estará instalada entre as 10.00 e as 18.00H, do dia 17 de Maio.
Metro: Baixa -Chiado
No voto presencial o eleitor deverá exibir o seu B.I. ou documento que inequivocamente o identifique.

Voto por correspondência
Endereçado para:
Apartado 3500
1070- 995 Lisboa


Para votar por correspondência:
1 – Utilize o boletim anexo, assinale com um X o seu voto (ou não assinale nada no caso de pretender votar em branco) e coloque-o num envelope fechado sem qualquer identificação.
2 - Faça uma fotocópia do seu BI.
3 - Coloque o envelope com o voto e a fotocópia do seu B.I. num segundo envelope dirigido ao Apartado acima indicado e envie, pelo correio, até ao dia 16 de Maio (data do carimbo do correio).

N.B.: Não serão considerados válidos os votos que cheguem ao referido Apartado com data de carimbo de correio posterior ao dia 16 de Maio.


A Comissão instaladora
5 de Maio de 2008

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ELEIÇÕES PARA OS CORPOS SOCIAIS DA ASSOCIAÇÃO
MOVIMENTO CÍVICO NÃO APAGUEM A MEMÓRIA







LISTA A …………. □










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Voto por correspondência
Endereçado para:
Apartado 3500
1070- 995 Lisboa


Para votar por correspondência:
1 – Utilize este boletim, assinale com um X o seu voto (ou não assinale nada no caso de pretender votar em branco) e coloque-o num envelope fechado sem qualquer identificação.
2 - Faça uma fotocópia do seu BI.
3 - Coloque o envelope com o voto e a fotocópia do seu B.I. num segundo envelope dirigido ao Apartado acima indicado e envie, pelo correio, até ao dia 16 de Maio (data do carimbo do correio).

N.B.: Não serão considerados válidos os votos que cheguem ao referido Apartado com data de carimbo de correio posterior ao dia 16 de Maio.

Voto presencial
Para votar presencialmente, pode fazê-lo em Lisboa, na Rua da Emenda, nº 107, ao Chiado.
A urna estará instalada entre as 10.00 e as 18.00H, do dia 17 de Maio.
Metro: Baixa -Chiado
No voto presencial o eleitor deverá exibir o seu B.I. ou documento que inequivocamente o identifique.



*******************************************************************************


Associação “Movimento Cívico – Não Apaguem a Memória”

Lista A - candidata aos órgãos sociais 2008-2010 (lista única)


Direcção
Presidente – Raimundo Narciso
Vice-Presidente – Lúcia Ezaguy Simões
Secretário – Jorge Martins
Tesoureira – Joana Lopes
Vogal – Diana Andringa
Vogal – Irene Pimentel
Vogal – Manuela Almeida

Assembleia Geral
Presidente – Isabel Patrício
Secretário – Rui Ferreira
Secretário – João Caixinhas

Conselho Fiscal
Presidente – Sérgio Parreira de Campos
Vice-Presidente – Joaquim Soares
Secretário – José Hipólito dos Santos


Programa eleitoral

Preâmbulo

Criado em 2005, o Movimento Cívico Não Apaguem a Memória! marcou presença desde então na sociedade portuguesa, cresceu e consolidou-se.
Não foi por acaso. O movimento veio indiscutivelmente responder a um anseio de muitos portugueses que não se conformavam com a tendência para o branqueamento de meio século de ditadura. Por não ser partidário, o movimento foi capaz de chamar a si activistas e apoiantes de diversos quadrantes políticos, conseguindo congregar inúmeras pessoas em torno de uma causa nacional.

A organização pouco estruturada deste movimento, baseada em pequenos grupos de trabalho e em plenários regulares, revelou-se adequada, nesta primeira fase. A informalidade no modo de organização e de funcionamento com o passar do tempo começou, todavia, a evidenciar as suas limitações. Importantes acções ligadas aos locais simbólicos da resistência à ditadura como a sede da ex-PIDE e a cadeia do Aljube ou a petição à Assembleia da República foram iniciadas mas a fluidez do movimento foi um obstáculo à sua continuidade. Foi difícil também a expansão do movimento a nível nacional através da criação de núcleos locais/regionais, indispensável para o seu fortalecimento e para ampliar o número de apoiantes. Ao cabo de 3 anos apenas um núcleo foi criado, no Porto.

Após um amplo, participado e aprofundado debate, ocorrido entre Setembro de 2007 e Março de 2008, sucessivos plenários aprovaram por larga maioria a transformação do movimento em associação e aprovaram os seus estatutos.

A Lista A que agora se candidata às primeiras eleições para os corpos sociais dará continuidade ao trabalho desenvolvido pelo movimento e preservará o que de melhor nele se revelou. Apoiará os grupos de trabalho existentes e estimulará a criação de outros, submetidos naturalmente a regras mas dotados da máxima autonomia, geradora de criatividade, entusiasmo e responsabilidade.
Desenvolverá a cooperação com organizações nacionais e internacionais que prossigam objectivos similares. Focalizará os seus esforços nas gerações mais jovens, desenvolvendo acções de cunho cultural e pedagógico para o que procurará a cooperação de escolas e do poder local.
A associação parte de uma base financeira, material e logística praticamente nula. Estamos convencidos, no entanto, que conseguiremos os meios necessários para atingir fins tão mobilizadores como aqueles que nos propomos

Objectivos e actividades associadas

Dando continuidade aos fins consignados na Carta do Movimento, a associação tem por objecto a salvaguarda, investigação e divulgação da memória da resistência à ditadura e da liberdade conquistada em 25 de Abril de 1974. Assim propomo-nos:

1. Exigir do Estado português o cumprimento do Dever de Memória:
1.1. Insistir no sentido da aprovação da resolução parlamentar originada pela petição do NAM.
1.2. Procurar que a AR aprove futuramente uma Lei da Memória.

2. Promover a criação do Museu da Resistência e da Liberdade na antiga prisão do Aljube:
2.1. Insistir junto do Governo para que as instalações da antiga cadeia do Aljube se transformem em local da memória.
2.2. Elaborar um projecto que viabilize a criação do museu, de forma progressiva, com o aproveitamento, numa primeira fase, de espaços para a divulgação desta memória, através de eventos artísticos, literários e outros afins.
2.3. Recolher/compilar materiais, documentais ou outros, de interesse sobre o tema.

3 Criar uma rede de núcleos museológicos e criar um memorial às vítimas da PIDE:

3.1. Relativamente às instalações da ex-PIDE em Lisboa:
3.1.1. Reatar as negociações com a Câmara Municipal de Lisboa e com o promotor imobiliário para a cedência de um espaço no local para instalação do núcleo.
3.1.2. Promover a elaboração do projecto arquitectónico e museológico para ocupação do espaço.

3.2 Relativamente ao memorial:
3.2.1. Reatar as negociações com a C. M. de Lisboa para que o monumento, pelo seu simbolismo e carga histórica, seja localizado na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, onde no dia 25 de Abril de 1974 caíram, sob o fogo dos agentes da polícia política, as derradeiras vítimas da PIDE.
3.2.2. Organizar uma subscrição pública para financiamento do projecto de edificação.

3.3. Promover ou colaborar em iniciativas tendentes à preservação da memória relacionadas com outros símbolos maiores da repressão e tortura como foram as prisões de Peniche e Caxias ou a sede da PIDE no Porto.

4. Construir roteiros da resistência e da liberdade
4.1. Construir o roteiro virtual da memória, a nível nacional.
4.2. Elaborar o roteiro da memória da resistência e da liberdade da cidade de Lisboa e de outros locais.
4.3. Desenvolver parcerias com instituições públicas e privadas para a elaboração de roteiros locais.

5. Promover um conhecimento mais amplo da história contemporânea, em particular do período do Estado Novo.
5.1. Assinar protocolos com centros de investigação de História Contemporânea e instituições congéneres e afins para promover estudos sobre o Estado Novo.
5.2. Estabelecer contactos e parcerias com instituições estrangeiras afins, privilegiando a Espanha, Cabo Verde (Tarrafal) e Angola (prisões políticas do colonialismo).
5.3. Produzir materiais didácticos, preferencialmente em suporte informático em colaboração com as escolas.

6. Divulgar a memória da resistência
6.1. Organizar conferências e colóquios para divulgar temas relacionados com a Memória da luta pela liberdade e a democracia (como, por ex. um Congresso Internacional sobre a Tortura e/ou sobre Fascismos).
6.2. Colaborar na organização do Colóquio Internacional sobre os Campos de Concentração, a realizar em Cabo Verde.
6.3. Organizar comemorações de efemérides (Desfile do 25 de Abril; 5 de Outubro e outras).

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Paris, Praga 1968 -40 anos

COMÍCIO :: DEBATES :: CONCERTO :: TEATRO

Há 40 anos, a Europa agitava-se dos dois lados da cortina de ferro.

Em França, estudantes e trabalhadores questionam a ordem do capital.
Em Praga, exigem a liberdade do socialismo e recusam a obediência burocrática a Moscovo.
Nos Estados Unidos, a oposição à guerra do Vietname e a luta pelos direitos civis mudam a face do país.
No México, os estudantes são massacrados na véspera da abertura dos Jogos Olímpicos.

Enquanto os Sarkozys do mundo se empenham em "liquidar a herança" de 68, a esquerda socialista vive a sua história.
Imaginação, crítica, intransigência e liberdade.

SOB A CALÇADA, A PRAIA.

PROGRAMA
10 de Maio :: ISCTE :: Lisboa

11h. Oficinas
:: A PRIMAVERA DE PRAGA – com Cláudio Torres, historiador, militante anti-fascista exilado na Checoslováquia em 1968
:: A GUERRA DA ARGÉLIA E O COLONIALISMO PORTUGUÊS – O CASO DOS LEOPARDOS – com João Paulo Guerra, jornalista e autor de "História da Guerra Colonial"
:: FILMES DE 68 – projecção de documentários da época

13h. Almoço
:: CANTINA UNIVERSITARIA

15h. Concerto
:: MOI NON PLUS, banda luso-francesa bem humorada, que recria músicas populares urbanas francesas. Revisita grandes autores e compositores, tais como Boris Vian, Serge Gainsbourg, Charles Trenet, Yves Montand, Fernandel.

16h. Teatro
Quadros de "E NÃO SE PODE EXTERMINÁ-LOS?", de Karl Valentin. Encenação de Gonçalo Amorim para esta iniciativa com Joana Ribeiro Santos,
Diana Nicolau, José Chanfana, Luís Lobão

16h30 Comício
Francisco Louçã

INFORMAÇÕES ÚTEIS

> Refeições
O almoço será na Cidade Universitária, Refeitório I (Cantina Velha), junto à saída de Metro da Cidade Universitária. Será servido uma refeição completa com opção de carne, peixe ou vegetariano.
Para o almoço será fundamental a inscrição, o mais cedo possível, com indicação do nome, contacto e indicação se é vegetariano.
O prazo limite é 5 de Maio.
Contacta-nos bloco.esquerda@bloco.org ou por telefone para 213 510 510 / 968 92 63 71 / 918 71 24 44

CUSTO DA REFEIÇÃO
:: Lisboa e Setúbal: 7,5 Euros
:: Resto do país: 5 Euros
:: Estudantes, desempregados e pensionistas: 5 Euros

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Aprovação da Lista A (Lista definitiva)

A Comissão Instaladora, no cumprimento do mandato que lhe foi conferido pela Assembleia Geral Constitutiva da Associação, reuniu-se no dia 30 de Abril de 2008 para apreciar e deliberar sobre eventuais reclamações.

Não tendo sido apresentado qualquer recurso ou reclamação foi a referida lista considerada definitiva.

A Comissão Instaladora
30 de Abril de 2008

terça-feira, 29 de abril de 2008

Lista Candidata aos Órgãos Sociais da Associação «MOVIMENTO CÍVICO NÃO APAGUEM A MEMÓRIA!»

APRECIAÇÃO PELA COMISSÃO INSTALADORA

A Comissão Instaladora, no cumprimento do mandato que lhe foi conferido pela Assembleia Geral Constitutiva da Associação “Movimento Cívico Não Apaguem a Memória!” reuniu-se, no dia 28 de Abri de 2008, para apreciar e deliberar sobre a única lista de candidatos aos órgãos sociais, que lhe foi entregue.

Analisados todos os subscritores e os candidatos, foram considerados preenchidos os requisitos necessários pelo que foi aceite sendo-lhe atribuída a letra A.

LISTA A


Composição

Direcção

Presidente – Raimundo Pedro Narciso
Vice-Presidente – Lúcia Mª Ezaguy A. Simões
Secretário – Jorge E. D. de Carvalho Martins
Tesoureira – Maria Joana de Menezes Lopes
Vogal – Diana Marina Dias Andringa
Vogal – Irene Flunser Pimentel
Vogal – Mª Manuela Bela Braz Almeida

Assembleia Geral
Presidente – Isabel Mª F. Alvoeiro Patrício
Secretário – Rui Manuel Lage Ferreira
Secretário – João F. Rodrigues Caixinhas

Conselho Fiscal
Presidente – Sérgio Parreira de Campos
Vice-Presidente – Joaquim A. de O. Soares
Secretário – José Hipólito dos Santos

Sócios Subscritores
Alfredo Ladeira Caldeira
António Duarte Arnaut
António José Castanheira Baptista Lopes
António Maria Sousa Almeida
Aquilino Ribeiro Machado
Armando Batista Bastos
Artur Eduardo Pires Alexandre Pinto
Edmundo Pedro
Eugénio Manuel Bilstein de Menezes de Sequeira
Eurico José Marques dos Reis
Fernando Edalberto Vieira de Matos Silva
Fernando José Mendes Rosas
Helena Catarina Silva Lebre Elias
Iva Humberta de Andrade Delgado
José Luís Saldanha Sanches
José Manuel da Silva Dias
José Manuel Marques C.M. Tengarrinha
José Manuel Sequeira Louza
José Manuel Serra Picão de Abreu
José Paulo de Almeida da Silva Graça
José Vera Jardim
Júlia Alberta de Almeida Martins Mendes Valério
Luís Manuel do Carmo Farinha
Manuel Serra
Maria Antónia Assis Santos Palla e Carmo
Maria do Céu Guerra Oliveira e Silva
Maria Emília Almeida Neves
Maria Helena Dias Carneiro
Maria Helena Mendonça da Silva
Maria Helena Reis Cabeçadas
Maria João Antunes Gerardo Alexandre Pinto
Maria José Fernandes Matias Belbut
Maria Júlia P.O. Barata de Matos Silva
Maria Lucília da Liberdade Miranda Santos
Maria Luísa Corte-Real Moniz Nogueira
Maria Manuela Cabeçadas A. Trancoso
Maria Manuela Paiva Fernandes Tavares
Nelson Manuel Gonçalves Durão de Matos
Nuno Teotónio Pereira
Pedro Bacelar de Vasconcelos
Rui Flunser Pimentel
Rui Manuel Bebiano de Nascimento
Rui Nogueira Lobo de Alarcão e Silva
Rui Silva Veiga Pinto
Sara Barros Queiroz Amâncio
Teresa Amado
Teresa Maria de Freitas Mesquita Spranger


A Comissão Instaladora
28 de Abril de 2008

segunda-feira, 28 de abril de 2008

HUMBERTO DELGADO – Lançamento de livro

HUMBERTO DELGADO
BIOGRAFIA DO GENERAL SEM MEDO
de Frederico Delgado Rosa

no âmbito da Comemoração do Cinquentenário
das Eleições Presidenciais de 1958

ÁTRIO PRINCIPAL DO PALÁCIO DE SÃO BENTO, 7 DE MAIO DE 2008 – 19h00

Programa:

Apresentação da obra por:
Judite de Sousa e General Pedro Pezarat Correia

Leitura de excertos por:
Alexandra Lencastre

Coro de Câmara de Lisboa
Teresita Gutierrez (direcção) /
Jorge Martins (barítono) / Pedro Almeida (piano)
Luís de Freitas Branco: Duas Canções Revolucionárias (1950)

Apresentação da cerimónia por André Gago

A convite de:
o Presidente da Assembleia da República,
a Fundação Humberto Delgado
e A Esfera dos Livros

Ex-presos políticos reencontram as suas memórias na sede da PIDE, no Porto

Jornal Público, 27.04.2008, Mariana Oliveira

Sentado numa cadeira e com uma voz pausada, Estaline de Jesus Rodrigues, 75 anos, conta aquelas histórias que o Presidente da República teima que não devem ficar esquecidas. O movimento Não Apaguem a Memória tenta reescrevê-las a cores. Estaline de Jesus Rodrigues pincelou ontem a história, no antigo edifício da PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) no Porto.

Antes do começar o relato, o ex-preso político tenta matar uma curiosidade com quase quatro décadas. "Eu estava preso na cave e um dia consegui ver pelas frestas da porta dois pides a trazer um indivíduo e a atirá-lo com força para a cama. Vinha em muito mau estado, por acaso essa pessoa não está aqui?" Silêncio. Ninguém se acusa. A curiosidade não morre no primeiro regresso de Estaline Rodrigues à sede da PIDE no Porto, onde esteve detido entre Maio e Junho de 1970.

Era do Partido Comunista Português e esteve ligado à organização de uma grande manifestação no Barreiro e na Moita em 1970. Na sequência do protesto foi detido e enviado para o Porto. Tinha estado preso duas vezes antes e passou por outras cadeias depois. Mas o mês que esteve no Porto merece o apelido de "passagem mais terrível" pelas prisões nacionais.

Não esconde a dor das memórias e reconhece, por isso, que durante muitos anos ela, a memória, esteve meia perdida, sem querer ser encontrada. Os documentos que foi buscar à Torre do Tombo ficaram à espera da vontade para os ler. "Durante muito tempo não fui capaz", admite. Realçando que o 25 de Abril já tem 34 anos, diz que só muito recentemente reencontrou a sua história. "Descobri que quando estive aqui fui levado para a tortura dia 4 de Maio e só voltei a 22, em braços. Um amigo meu contou-me há pouco tempo que quando me viu não me reconheceu. Eu deitava pus pelos olhos e pelos ouvidos", conta. A afirmação arrepia as cerca de cem pessoas presentes. Mas Estaline não desarma. É para que todos não se esqueçam que Salazar existiu, que a PIDE existiu, que a tortura existiu.

Álvaro Monteiro, 65 anos, veio com o colega. Mas do Porto tem uma imagem mais branda. "Foi aqui que tive conhecimento do nascimento da minha filha", conta com emoção. Mas não esquece a imundície: "Eram percevejos, baratas e piolhos. As necessidades eram feitas num balde."

sexta-feira, 25 de abril de 2008

terça-feira, 22 de abril de 2008

Participação do NAM! no desfile do 25 de Abril (Lisboa)


Concentração às 15:00, no Marquês de Pombal, esquina com a Avenida Duque de Loulé.

domingo, 20 de abril de 2008

As portas que Abril abriu


Ary dos Santos - As portas que Abril abriu


sábado, 19 de abril de 2008

Resistência: Lugares de Memória (Porto)

Sábado 26 de Abril 15.30 h
VISITA GUIADA POR EX-PRESOS
ÀS INSTALAÇÕES DA EX-PIDE/DGS

No próximo dia 26 de Abril será realizada mais uma Visita ao edifício da EX-PIDE, no Porto, guiada por ex-presos políticos que aí foram encarcerados, humilhados e torturados.

Com esta acção, o Núcleo do Porto do movimento cívico "Não Apaguem a Memória!" pretende contribuir para o reforço da nossa identidade democrática, uma identidade que atravesse o tempo, que salvaguarde a continuidade da memória histórica da resistência ao fascismo entre as gerações presentes e as que viveram um mundo passado.

Considera-se que é importante patrimonializar as memórias dos resistentes antifascistas através da transmissão dos seus valores às gerações mais jovens, reconstruindo elos entre o passado e o presente.



Sábado, 26 de Abril 20,00 h
JANTAR COMEMORATIVO
DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS


O jantar/convívio comemorativo do 25 de Abril terá lugar no restaurante Abadia, na Rua do Ateneu Comercial do Porto, nº 22, a partir das 20h (preço por pessoa: 20 €).

A confirmação da presença deverá ser feita até ao dia 24, através de contacto com
Jorge Carvalho (Pisco) – tlm 934729690
ou Sérgio Valente – tlm 919947274
ou maismemoriaporto@gmail.com

DIVULGUE!
INSCREVA-SE JÁ!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Cartazes Maio 68 - Exposição

Na Fundação Mário Soares, a partir de 22 de Abril, 18:30


(Para ler, clique na imagem)

Nota Informativa da Comissão Instaladora da Associação «MOVIMENTO CÍVICO NÃO APAGUEM A MEMÓRIA!»

AVISO COMPLEMENTAR (*)


A) ESCLARECIMENTO

Tendo a Comissão Instaladora tomado conhecimento de dúvidas surgidas quanto aos termos da consulta aos aderentes do Movimento Não Apaguem a Memória! para transitarem para a recém-criada Associação Movimento Cívico Não Apaguem a Memória! , vem a Comissão esclarecer o seguinte:
1. O processo da consulta, para cujo cumprimento a Comissão Instaladora se encontra mandatada, atende a uma deliberação aprovada, de boa fé, na Assembleia Geral Constitutiva, não tendo a Comissão competência para alterar o mandato que lhe foi conferido.
2. A Comissão considera, aliás, que a decisão aprovada na AG Constitutiva respeita a ordem jurídica portuguesa e não está ferida de ilegalidade.


B) CALENDARIZAÇÃO DAS PRÓXIMAS ACTIVIDADES DO PROCESSO DE INSTALAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO

18 de Abril: Constituição dos Cadernos Eleitorais, após exclusão dos aderentes do NAM que manifestaram, até 14 de Abril, o desejo de não aderirem à Associação. Início do período de apresentação de listas candidatas às eleições dos corpos sociais da Associação, de acordo com normas em anexo.
23 de Abril: Data limite da recepção, pela Comissão Instaladora, das listas candidatas aos corpos sociais.
28 de Abril: Divulgação, pela C.I., das listas aceites. Início do prazo de 48 horas para eventuais reclamações.
30 de Abril: Apreciação dos eventuais recursos pela C.I.
5 de Maio: Envio dos programas eleitorais das listas candidatas, das instruções e dos votos por correspondência.
15 de Maio: Data limite para a publicitação dos programas eleitorais, pela mailinglist “nameleicoes”, no blogue e no site do NAM.
16 de Maio: Data limite da entrada dos votos por correspondência na nossa caixa postal.
17 de Maio: Assembleia Eleitoral.


C) NORMAS DO PROCESSO ELEITORAL

1. A apresentação de listas obedecerá às seguintes normas
1.1. Serem subscritas por um mínimo de 30 associados (Artº 12º.2 do Regulamento Geral), sem contar, obviamente, com os candidatos;
1.2. Os subscritores das listas devem assinar a proposta de candidatura e indicar os números dos seus bilhetes de identidade;
1.2. Nenhum associado pode participar em mais de um lugar a eleger (Artº 12º.3 do R.G.);
1.3. As candidaturas deverão ser acompanhadas dos respectivos termos de aceitação, assinados por todos os candidatos, com fotocópias dos B.I. anexadas;
1.4. As listas candidatas devem ser entregues, ao cuidado de Victor Santos, na sede do SPGL (Sindicato dos Professores da Grande Lisboa), na Rua Fialho de Almeida, nº 3 1070-128 LISBOA

2. O voto pode ser efectuado:

2.1. Presencialmente,
A urna estará instalada, entre as 10.00 e as 18.00H, do dia 17 de Maio, na Biblioteca Museu República e Resistência
Rua Alberto de Sousa, n.º 10A
1600-002 Lisboa
Metro: Cidade Universitária; Autocarro: 31, 22, 54, 63, 68 (todos os que servem o Hospital de Santa Maria, nomeadamente os Transportes Sul do Tejo).

No voto presencial, o eleitor deverá exibir o seu bilhete de identidade ou documento que inequivocamente o identifique.

2.2. Por correspondência
Endereçada para:
Apartado 3500
1070-995 Lisboa
Para votar por correspondência:
a) – Utilize o boletim de voto, que será enviado por carta ou por mail, assinale com um X a Lista em que vota (ou não assinale nada no caso de pretender votar em branco) e coloque-o num envelope fechado sem qualquer identificação.
b) - Faça uma fotocópia do seu BI.
c) - Coloque a) e b) num segundo envelope e envie este, pelo correio, para o Apartado acima indicado, de modo a ser recebido até ao dia 16 de Maio.


A Comissão Instaladora

Lisboa, 16 de Abril de 2008


(*) AVISO: as pessoas com capacidade eleitoral para votar para os corpos sociais da Associação Movimento Cívico Não Apaguem a Memória! poderão consultar consultar o respectivo caderno eleitoral nos dias 22 e 23 de Abril, entre as 17.30 e as 19.30H na Biblioteca Museu da República e Resistência:

Rua Alberto de Sousa, n.º 10A
1600-002 Lisboa
Metro: Cidade Universitária; Autocarro: 31, 22, 54, 63, 68 (todos os que servem o Hospital de Santa Maria, nomeadamente os Transportes Sul do Tejo).

domingo, 13 de abril de 2008

quinta-feira, 10 de abril de 2008

«Que viva o Zeca» - Elvas, 25 de Abril

No próximo dia 25 de Abril, o espectáculo "QUE VIVA O ZECA", será apresentado no Cine Teatro de Elvas, a partir das 22 horas.

Este espectáculo foi criado em 2007 pelo Grupo Erva de Cheiro, assinalando os 20 anos da morte de José Afonso.

Para além dos 20 temas do Zeca, que são tocados e cantados, também se relembra o seu exemplo de vida, enquanto cidadão de causas e valores, através de um guião acompanhado por imagens. Um trabalho que deu origem à edição de um CD e pretende manter-se em palco sempre que solicitado.

Este espectáculo é promovido pela Camara Municipal de Elvas e comemora assim os 34 anos do 25 de Abril.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

ACTA DA ASSEMBLEIA CONSTITUTIVA da Associação «Movimento Cívico NÃO APAGUEM A MEMÓRIA!»


Acta número Um

Aos vinte e três dias do mês de Fevereiro do ano de dois mil e oito, pelas quinze horas, na Rua da Misericórdia, nº95,em Lisboa realizou-se uma Assembleia Geral de ora em diante designada (AG) convocada pela Comissão Promotora através de e-mail de Paula Cabeçadas, constituída Por Fernando Vicente, Lúcia Ezaguy Simões, Raimundo Narciso, Manuel Duran Clemente, J. Villalobos, Ana Gaspar, Paula Cabeçadas, Manuel Macaísta Malheiros e Jorge Martins, com o objectivo da constituição de uma Associação denominada “Movimento Cívico - Não Apaguem a Memória!”.

A Mesa da Assembleia era constituída por Fernando Filipe Esteves Vicente, Lúcia Maria Ezaguy Almeida Simões e Manuel António Duran dos Santos Clemente designados para o efeito pela referida Comissão Promotora. Coadjuvou os trabalhos, por indicação do membro ausente desta Comissão, Macaísta Malheiros, a jurista Isabel M.F. A. Patrício para, (eventualmente,) poder pronunciar-se sobre alguns aspectos técnicos inerentes à sua especialidade profissional.

Registaram-se as presenças de cidadãos aderentes a este projecto que juntamente com os já designados constituíram o corpo da Assembleia Geral, cujos nomes constam de documento anexo à presente acta e que dela faz parte integrante.

A ordem de trabalhos proposta e aprovada pela AG foi a seguinte:
1. Aprovação da Mesa.
2. Informação da Comissão Promotora sobre o trabalho realizado até à data.
3.Apresentação,discussão e aprovação do projecto de Estatutos.
4.Apresentação,discussão e aprovação do projecto de Regulamento Geral.
5.Eleição da Comissão Instaladora.

No que diz respeito ao primeiro ponto da ordem de trabalhos a AG aprovou por maioria a constituição da Mesa.

Relativamente ao segundo ponto da ordem de trabalhos, em nome da Comissão Promotora, Fernando Vicente fez um resumo de todo o processo de trabalho realizado até à data pela mesma Comissão, do qual resultou um projecto de Estatutos e um projecto de Regulamento Geral, divulgados aos aderentes através da Lista TODOS
(Internet) e pelo “site” próprios.

Ainda a título de informação foi, neste ponto, lida uma comunicação do aderente Vítor Sarmento que declarando não poder estar presente, apresentou por escrito três comentários. O documento consta em anexo e considera-se parte integrante desta acta.

No segundo ponto foi posto à votação o método a utilizar na discussão e aprovação do projecto de Estatutos. Fernando Vicente propôs que só fossem discutidos os artigos relativamente aos quais foram ou fossem apresentadas propostas alternativas por escrito. Findo isso seria feita uma apreciação na generalidade. Igual proposta fez relativamente ao outro documento em apreço, ou seja, relativamente ao projecto de Regulamento Geral. Estas propostas foram aceites e postas à votação foram aprovadas por unanimidade.

Os aderentes Luciano Oliveira e António Pinto reclamaram não conhecer o teor das propostas e das propostas alternativas em presença. Foi explicitado que as propostas estavam no “site” da Associação e que as propostas alternativas iriam ser apresentadas caso a caso, na própria Assembleia Geral.

Na sequência iniciou-se a discussão sobre as alternativas apresentadas aos Estatutos.

Antes disso houve a proposta de retirar na alínea c)(última linha), do ponto dois do Artigo Primeiro, as palavras “para os associados” e de substituir na alínea b), do ponto dois do Artigo Segundo, a palavra Estado por Governo. Aceites as propostas foram aprovadas as alterações por maioria.

Apresentada uma proposta de alteração de Henrique Sousa relativamente ao ponto dois do Artigo Primeiro, esta não acolheu maioria na votação efectuada.

Apresentada uma proposta alternativa por Vitor M. Andrade Santos relativamente à troca de ordenação dos conteúdos das alíneas a) e b) do ponto dois do Artigo Segundo, submetida à votação a alteração não foi acolhida.

Foi aprovado por maioria suprimir no Artigo Quinto a palavra “estrangeiras”.

Não havendo propostas de alteração relativamente aos Artigos Sexto, Sétimo, Oitavo e Nono, submetidos a aprovação foram aprovados por maioria.

Apresentada uma proposta de alteração de Henrique Sousa relativamente ao Artigo Décimo, que após votação foi rejeitada.

Relativamente ao Artigo Décimo Primeiro, foram apresentadas duas propostas de alteração, uma enviada atempadamente e por escrito por Henrique Sousa e outra formulada por Vitor Santos. Todas elas, incluindo a da Comissão, eram favoráveis à limitação de mandatos. Muitos foram os aderentes que intervieram, defendendo a limitação e outros contra a mesma limitação. A Assembleia Geral aceitou que fossem votadas três alternativas: a da Comissão, a do aderente Henrique Sousa e uma terceira “retirando qualquer referência à limitação de mandatos” que foi apresentada à Mesa por Xavier Basto que propunha retirar “qualquer referência à limitação de mandatos”. Submetidas à votação venceu por maioria a terceira.

Relativamente ao Artigo Décimo Segundo existia uma proposta de Henrique Sousa e da Comissão. Foi aceite por maioria a proposta que propunha que a Mesa da Assembleia Geral fosse constituída por Presidente, Vice-Presidente e Secretário.

Relativamente ao Artigo Décimo Terceiro, foi apresentada uma proposta de Henrique Sousa. Submetidas à votação foi aprovada por maioria a proposta da Comissão.

Relativamente ao Artigo Décimo Quarto, foi apresentada uma proposta de Henrique Sousa e, em alternativa, aceite uma proposta intermédia, apresentada por M.D.Clemente. Submetidas à votação foi aprovada por maioria a proposta da Comissão.

A proposta apresentada por Henrique Sousa, relativamente à alínea c) do ponto quarto do Artigo Décimo Quinto, no sentido da substituição da maioria de três quartos por dois terços, submetida a votação foi aprovada por maioria.

Foi reformulada e aprovada por maioria a alínea f) do ponto Um do Artigo Décimo Sétimo, acolhendo-se a proposta do aderente Carlos Morais dos Santos, quanto à questão do Revisor Oficial de Contas ou Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, no sentido de viabilizar as suas intervenções se as mesmas se revelarem necessárias. Foram, assim, rejeitadas as propostas de Vítor Santos e Henrique Sousa.

Houve proposta alternativa relativamente ao artigo Décimo Oitavo de Henrique Sousa que ligada à sua proposta de alteração antes aprovada relativa ao corpo do Artigo Vigésimo Primeiro, fez cair o ponto dois do Artigo Décimo Oitavo.

Em relação ao número um do artigo Décimo Oitavo foi aprovada a proposta da Comissão.

Foi aprovada por maioria a proposta de Henrique Sousa sobre o Artigo Décimo Nono que retira a parte final da alínea d) do ponto seis do Artigo Décimo Nono.

Por força de alterações anteriores foi reformulado o Artigo Vigésimo, com alterações de redacção no ponto um e tendo sido retirado o ponto quatro, no respeitante ao Conselho Fiscal. Foi aprovada a reformulação por maioria.

Foi, como já se referiu, aceite a proposta de alteração de Henrique Sousa, relativamente ao Artigo Vigésimo Primeiro que refere os Grupos de Trabalho, as Delegações e Núcleos e ainda a possível colaboração dos associados em plenários e noutras iniciativas. Submetida a votação foi aprovada por maioria.

Os Artigos Vigésimo Segundo a Artigo Vigésimo Sétimo, não havendo propostas alternativas submetidos a aprovação foram aprovados por maioria.

Respeitando o método acolhido no início da reunião, tendo sido consequentemente, definido, por votação, o conteúdo do projecto de Estatutos, foram estes, nesta nova versão, aprovados por maioria, conforme documento anexo a esta acta e que dela faz parte integrante.

No terceiro ponto da ordem de trabalhos foi colocado a discussão e aprovação o projecto de Regulamento Geral, existindo apenas proposta de alteração de Vítor Santos.

Relativamente ao Artigo Primeiro, foi a proposta de alteração acolhida por maioria, passando de dez para cinco o número de associados que, no mínimo, subscreverão a proposta de constituição de Núcleos. Foi aprovada por maioria.

Foi aprovado substituir a designação de “componentes” por “membros” no ponto dois do Artigo Terceiro (Grupos de Trabalho). Aprovado por maioria.

Relativamente ao Artigo Quarto (Sócios Honorários) após diversas intervenções foi aceite uma nova redacção apresentada pela Mesa que explicita de forma mais sucinta a qualidade dos mesmos e a forma como poderão ser propostos, pela Direcção ou por um conjunto de, pelo menos, vinte associados, a aprovar em AG. Houve aprovação por maioria.

Foram também aprovados por maioria todos os restantes Artigos do projecto de Regulamento Geral, que regulam o primeiro acto eleitoral e considerados transitórios. No seu todo, também aprovado na generalidade, constitui um documento anexo e parte integrante desta acta.

Por último passou-se para ao quarto ponto da ordem de trabalhos, com a apresentação duma proposta da Comissão Promotora para a Comissão Instaladora da Associação que será responsável pela execução de todos os actos necessários até à constituição da Associação.

Apresentadas duas alternativas foi aprovada por maioria que essa comissão fosse constituída por Fernando Vicente, Lúcia Simões, Isabel Patrício, Jorge Martins e Vitor Santos.

No final da reunião foi decidido perguntar por e-mail ou por via postal aos inscritos no NAM se aceitavam transitar para a Associação tendo sido aprovado que transitariam todos aqueles que não apresentassem oposição expressa. Foi também decidido que em reuniões posteriores e já no funcionamento regular da Associação, será tratada a questão das quotas e de eventuais jóias.
A Carta do Movimento NAM, na impossibilidade legal de ser anexada aos estatutos, fica anexa à presente acta e dela faz parte integrante.
Esgotada a ordem de trabalhos, o presidente da Mesa da Assembleia Constitutiva deu por encerrados os trabalhos.
Vai esta acta ser assinada pelos membros da Mesa da AG Constitutiva da Associação “Movimento Cívico Não Apaguem a Memória!”:

Fernando Vicente

Lúcia Esaguy Simões

Manuel Duran Clemente

Isabel Patrício

Free Tibet


















E também, um pouco por todo o mundo, reacções contra a China a propósito dos Jogos Olímpicos (aqui, em Paris, por ocasião da passagem da chama olímpica):



sexta-feira, 4 de abril de 2008

Martin Luther King morreu há 40 anos

Martin Luther King foi assassinado em Memphis, em 4 de Abril de 1968.

Neste vídeo, na íntegra, o célebre discurso «I have a dream» proferido em Washington, em 28 de Agosto de 1963.



quarta-feira, 2 de abril de 2008

Colóquio sobre Maio de 1968



MAIO' 68
POLÍTICA * TEORIA * HISTÓRIA


Colóquio Internacional
Lisboa, 11 e 12 de Abril de 2008
Instituto Franco-Português
Av. Luís Bívar, 91 METRO: São Sebastião - Campo Pequeno.

Tradução Simultânea
Entrada Livre
Mais informações: lisboa1968@gmail.com (+351) 213111468

Organização:
Instituto Franco-Português
Instituto de História Contemporânea
Le monde diplomatique – edição portuguesa

Apoios: FCT Fábrica de Braço de Prata Goethe Institut Antígona

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Maio de 1968. Em Paris anuncia-se o início de uma luta prolongada. Quatro décadas depois, este colóquio internacional reúne um conjunto de reputados intelectuais cujas investigações permitiram voltar a olhar para 1968 nas suas mais variadas dimensões. Levando o debate mais além das repetidas alusões ao cariz geracional e estudantil da revolta, mapeando 1968 para lá das fronteiras da França, o colóquio confronta a importância de 1968 na emergência de novas subjectividades políticas, analisa a dimensão de luta de classes que atravessa o período e discute a persistência de Maio'68 nos conflitos políticos contemporâneos.
Os coordenadores,

Bruno Peixe (NÚMENA)
Luís Trindade (IHC-UNL/U.Birkbeck)
José Neves (ICS-UL)
Ricardo Noronha (IHC-UNL)
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PROGRAMA

11 DE ABRIL
9h30
Sessão de Abertura

10h Maio no Mundo
Fernando Rosas
Teses sobre a geração dos anos 60 em Portugal e a questão da hegemonia

Gerd-Rainer Horn
Um conto das duas europas

Manuel Villaverde Cabral
Maio de '68 como revolução cultural

14h30 Ideias de Maio
Anselm Jappe
Maio de 68, do «assalto aos céus» ao capitalismo em rede. O papel dos situacionistas

Daniel Bensaid
Como será possível pensar que se possa quebrar o ciclo vicioso (da dominação)

Judith Revel
1968, o fim do intelectual sartriano


12 DE ABRIL
10h Maio em Movimento

Maud Bracker
Participação, encontro, memória: os imigrantes e o Maio de 68

João Bernardo
Estudantes ou trabalhadores?

Franco Berardi (Bifo)
68 e a génese do cognitariado


14h30 O Outro Movimento Operário

Xavier Vigna
As greves operárias em França em 1968

Yann Moulier Boutang
Maio de 68, herança por reclamar na divisão de perdidos e achados da História

John Holloway
1968 e a crise do trabalho abstracto


18h 1968 - 2008

Bruno Bosteels
A revolução da vergonha

François Cusset
Os embalsamadores e os coveiros


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RESUMO DAS COMUNICAÇÕES

Teses sobre a geração dos anos 60 em Portugal e a questão da hegemonia
Fernando Rosas
Pretende-se discutir o papel que o "Maio de 68" em Portugal, ou seja, a contestação estudantil de 1969, desempenhou na radicalização da luta política em geral e na alteração das relações de hegemonia em favor das mundivisões marxizantes e revolucionárias na sociedade portuguesa da época.
Fernando Rosas, Historiador, Professor catedrático da FCSH da Universidade Nova de Lisboa. Autor de bibliografia sobre a História do séc. XX em geral e a História do Estado Novo português em particular.

Um conto de duas Europas
Gerd-Rainer Horn
Em quase todo o lado o meio estudantil universitário serviu de catalisador para "1968", e isto será exemplificado com um breve olhar sobre as origens do 1968 Belga. Contudo, podemos distinguir dois padrões bem distintos na Europa Ocidental e nos Estados Unidos em 1968. Na "Europa do Norte" e nos Estados Unidos, 1968 representou sobretudo uma série de movimentos sociais de base estudantil. Na "Europa do Sul", 1968 foi muito mais transclassista, com a classe operária a assumir um papel proeminente.
Gerd Rainer Horn ensina no departamento de Hiatória da Universidade de Warwick e escreveu The Spirit of '68.

Maio de '68 como revolução cultural
Manuel Villaverde Cabral
Testemunho pessoal sobre o momento mais alto de um movimento social internacional que não queria o poder, mas que nem por isso – ou talvez por isso – deixou de mudar o mundo.
Manuel Villaverde Cabral nasceu em 1940. Fugiu à PIDE em 1963, indo para Paris onde trabalhou e estudou. Voltou a Portugal em 1974, ingressou na carreira docente no ISCTE, entrou para o antigo Gabinete de Investigações Sociais em 1975, passando para a carreira de investigação quando foi criado o Instituto de Ciências Sociais na Universidade de Lisboa em 1982. Foi Director da Biblioteca Nacional entre 1985 e 1990.

Maio de 68: do «assalto ao céu» ao capitalismo em rede. O papel dos situacionistas
Anselm Jappe
Começaremos por abordar a questão de saber qual foi a «influência» dos situacionistas em Maio de 68 bem como na sua preparação, opondo a outros movimento políticos e intelectuais mais visíveis da época a sua própria agitação subterrânea. Sublinharemos de seguida que Maio de 68 constituiu simultaneamente um esforço de emancipação mas também o início da passagem para uma nova forma mais subtil de dominação capitalista. Neste contexto, recorreremos às ideias de Guy Debord para compreender esta evolução tirando daí algumas consequências.
Anselm Jappe ensina estética na Escola de Belas Artes de Frosinone (Itália). É autor de Guy Debord (edíção portuguesa da Antígona prevista para 2008) e As aventuras da mercadoria. Para uma nova crítica do valor.


Lançamento do livro Guy Debord, pela Editora Antígona
12 de Abril 21h30
Fábrica de Braço de Prata
Apresentação por Ricardo Noronha


«Como será possível pensar que se possa quebrar o ciclo vicioso [da dominação]?»
Daniel Bensaïd
Era esta a questão colocada, logo em 1964, por Herbert Marcuse, em L'homme unidimensionnel, e que assolava a sua época. A exuberância dos acontecimentos de Maio terá significado um princípio de resposta à questão ou confirmado, pelo contrário, o fecho daquele ciclo vicioso, como parece indicar a evolução posterior da obra de Debord ou de Baudrillard: depois do espectáculo, estado supremo do fetichismo da mercadoria, o simulacro, estado supremo do espectáculo?
Daniel Bensaïd é Professor de Filosofia na Universidade de Paris VIII (Vincennes) e dirigente da Ligue Communiste Révolutionnaire (IV Internacional). Participante no movimento estudantil em Maio de 1968, é autor, entre outras, das seguintes obras: Mai 1968: Une répétition générale (1968), Walter Benjamin sentinelle messianique (1990), Marx l'intempestif : Grandeurs et misres d'une aventure critique (1996).

1968: o fim do intelectual sartriano
Judith Revel
1968 não constitui apenas o levantamento de uma geração que não quer mais viver de forma semelhante à dos seus pais, alimentando-se da mesma memória – de Vichy, das guerras coloniais – e reconhecendo-lhe os valores. Constitui também uma outra forma de conceber a tomada da palavra e a acção colectiva, os modos de intervenção política e os processos de subjectivação. Nesta grande transição de uma época à outra, a própria função dos intelectuais vê-se profundamente redefinida: o modelo sartriano de envolvimento político cede pouco a pouco o lugar a uma outra figura que, por seu turno, implica já uma análise diferente das relações de poder e do papel do conhecimento, da função das lutas e dos usos colectivos da palavra. De Sartre a Foucault, trata-se pois de uma passagem de testemunho em forma de ruptura – que quarenta anos depois não deixa de suscitar mal-entendidos.
Judith Revel, filósofa, italianista e tradutora, docente (maître de conférences) na Universidade de Paris-I Sorbonne. Especialista em pensamento contemporâneo, particularmente no de Michel Foucault, a quem consagrou numerosos livros e artigos, trabalha actualmente sobre as categorias políticas anteriores e posteriores a 1968. Integra a redacção das revistas Posse (em Itália) e Multitudes (em França), e o gabinete científico do Centre Michel Foucault. Membro da equipa de investigação ANR «La bibliothéque foucaldienne. Michel Foucault au travail" (CNRS-ENS-EHESS).

Participação, encontro, memória: os imigrantes e o Maio de 68
Maud Bracker
Esta comunicação debruça-se sobre alguns dos modos pelos quais os principais grupos que encabeçaram o Maio de 68 em França – estudantes, intelectuais, sindicalistas – tentaram compreender a emergência do mundo pós-colonial, e integraram essa passagem ao pós-colonialismo na sua oposição ao capitalismo. Contudo, as teorias e a acção em solidariedade com os trabalhadores imigrantes que se desenvolveram durante e após 1968 herdaram das formas mais antigas do anti-imperialismo marxista europeu alguns dilemas não-resolvidos.
Maud Bracke dá aulas de História Moderna Europeia na Universidade de Glasgow. É autora de Which socialism, whose détente? West European communism and the Czechoslovak crisis of 1968.

Estudantes ou trabalhadores?
João Bernardo
Será paradoxal que os participantes num movimento que jornalistas e historiadores insistem em classificar como estudantil colocassem principalmente problemas políticos e sociais relativos à classe trabalhadora? O desenvolvimento do capitalismo, com as pressões ao aumento da produtividade e com a necessidade de qualificar a força de trabalho, converteu universidades de elite em universidades de massa e transformou a maioria dos estudantes universitários em futuros trabalhadores.
João Bernardo é doutor pela Unicamp (Brasil). Em 1965 foi expulso por oito anos de todas as universidades portuguesas. Desde 1984 tem leccionado como professor convidado em universidades públicas brasileiras. É autor de numerosos artigos e livros.

1968 e a génese do Cognitariado
Franco Berardi (Bifo)
O movimento de 1968 representa o efeito da escolarização de massas e a primeira manifestação política da emergência do cognitariado, classe do trabalho cognitivo, composição social que se tornou predominante no final do século, com a difusão da rede.
Rádios piratas, cibercultura, net-art, são as manifestações sucessivas do trabalho cognitivo em busca da sua própria autonomia. Só reencontrando o fio (actualmente submerso) da revolta de sessenta e oito poderá o trabalho cognitivo empreender um processo de recomposição e autonomia.
Franco Berardi (Bifo), militante do Potere Operaio nos anos 60, redactor da Radio Alice em 1976 e fundador da revista A/traverso. Autor de Contro il lavoro, Mutazione Ciberpunk e Felix. Colabora actualmente com a revista on-line www.Rekombinant.org, ensina em Bologna numa escola para trabalhadores emigrantes e em Milão na Accademia di Belle Arti.

As greves operárias em França em 1968
Xavier Vigna
O movimento de Maio e Junho de 1968 em França constitui o mais importante fenómeno grevista de toda a história do país. Alarga-se a todo o território e mobiliza também operários de que até então não se falava: os jovens, as mulheres, os imigrantes. Retoma um vigoroso repertório de acções e levanta questões que não encontraram ainda resposta quando finalmente se retoma o trabalho em Junho de 1968. Nessa medida, o movimento grevista de Maio-Junho de 1968 constitui um evento que inaugura um período de dez anos de insubordinação operária: a década de 68.
Xavier Vigna, docente (maître de conférences) em história contemporânea na Universidade de Bourgogne, trabalha sobre a conflituosidade social e política na segunda metade do século XX. Publicou recentemente L'insubordination ouvrière dans les années 68. Essai d'histoire politique des usines.

Maio de 68, herança por reclamar na divisão de perdidos e achados da História
Yann Moulier Boutang
Começou por ser grande o interesse na recuperação de Maio de 68, depois na sua liquidação. Abordaremos aqui um ponto de vista radicalmente diferente relativamente ao qual trataremos dois aspectos: 1) Que foi realmente Maio de 68? Canto do cisne do movimento operário, outro movimento operário, proclamação oculta do verdadeiro sujeito da renovação radical do capitalismo? 2) Qual o legado não reclamado mas efectivo de Maio de 1968? Concluímos que o evento foi e continua a ser critério de demarcação entre duas fases, embora não necessariamente do modo condensado pelas diferentes cristalizações fantasmáticas que gerou e continua a produzir.
Director da Redacção da revista Multitudes. Professor universitário de ciências económicas (Universidade de Tecnologia de Compiègne e Escolas de Arte e Design de Saint Etienne).

1968 e a Crise do Trabalho Abstracto
John Holloway
1968 tornou evidente que a crise do trabalho é a crise do capital, que a luta contra o trabalho é a chave da luta contra o capital. Em 1968, o fazer fendeu o trabalho e transbordou. Falar hoje de 1968 não é falar de um legado histórico, mas sim das reverberações causadas por essa fissão.
John Holloway é professor na Universidade Benemérita de Puebla, no México. É autor de vários livros, publicados em vários países, o mais recente dos quais, Mudar o Mundo sem Tomar o Poder.

A revolução da vergonha
Bruno Bosteels
Partindo do famoso poema de Octavio Paz, publicado pouco depois do massacre de Tlatelolco no México em 2 de Outubro de 1968, poema inspirado nas cartas de Karl Marx ao seu amigo Arnold Ruge, discutirei o destino da esquerda no período posterior a 1968 em termos de vergonha e de melancolia, de coragem e de justiça. Não é apenas Sarkozy e os seus acólitos pseudo-intelectuais que pretendem acabar com o legado de 1968; na realidade, semelhante legado vê-se igualmente corroído a partir do seu interior por uma forte tendência de negação, a favor de um certo recuo do político, que se proclama mais radical que qualquer noção de revolucionarização da vergonha.
Bruno Bosteels é Professor Associado de estudos românicos na Universidade de Cornell. É autor dos livros Alain Badiou o el recomienzo del materialismo dialéctico e Badiou and Politics.

Os embalsamadores e os coveiros
François Cusset
No quadro da vastíssima bibliografia que 'explica' ou 'comemora' Maio de 68, a interpretação de esquerda, que lhe imputa o liberalismo da década de 1980, e a interpretação de direita, que o acusa de ter minado a autoridade e os valores, partilham entre si uma vontade intransigente de liquidar o movimento de Maio, denegando-lhe a dimensão de acontecimento, a sua actualidade intacta, em proveito de uma causalidade de carácter retrospectivo muito contestável. Embalsamadores de esquerda e coveiros de direita do Maio de 68 trabalham assim ombro a ombro para substituir a irrupção possível do comum pela impotência colectiva.
François Cusset, que ensina história intelectual em Sciences-Po-Paris e na Universidade de Columbia em França, é autor de Queer Critics, Frenche Theory e La Décennie. Em Maio de 2008 publica na editora Actes Sud um panfleto contras as mentiras históricas sobre 68, L'avenir d'une irruption.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Estatutos da Associação

A pedido da Comissão Instaladora da Associação, publicam-se de novo os Estatutos já com a alteração feita ao Artigo 12º que, por lapso, tinha sido registado com uma redacção incorrecta.
Estatutos

JORNADAS pela MEMÓRIA das LUTAS pela LIBERDADE



Salvaguardar a memória da resistência à opressão do Estado Novo e valorizar a história das lutas pela liberdade e pela democracia são finalidades do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória!, cujo núcleo do Porto, no âmbito das comemorações do 25 de Abril, organiza, em conjunto com a Câmara Municipal de Matosinhos, as Jornadas pela Memória das Lutas pela Liberdade.

Sexta-feira, 11 de Abril de 2008

21.30 h - Abertura da sessão (Câmara Municipal de Matosinhos e Movimento Não Apaguem a Memória!)

21.45 h - Comunicações :

Drª Ana Sofia FerreiraA oposição portuense e a campanha de Humberto Delgado

Dr.Bruno Monteiro - A Incorporação da Vocação Militante. Apontamentos sobre as lógicas da adesão e a geração de disposições políticas nas organizações operárias

23.00 h – Debate

Sábado, 12 de Abril de 2008

15.30 h - Abertura da sessão (Câmara Municipal de Matosinhos e Movimento Não Apaguem a Memória!)

15.45 h - Comunicações:

Prof.ª Doutora Irene PimentelA PIDE/DGS
Prof.ª Doutora Inácia RezolaOs Militares e a Revolução de Abril
Prof. Doutor Manuel LoffLembrar e não lembrar a ditadura salazarista no período democrático

17.30 h - Debate