quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Homenagem em vida a Óscar Lopes

Óscar Lopes celebrou hoje 90 anos, o que foi aproveitado para o início duma grande homenagem a Óscar Lopes na sua cidade natal, o Porto. O programa «A busca do sentido na obra e na vida de Óscar Lopes» inclui exposições, livros, concertos, encontros e um colóquio.
Entre outros livros inéditos, será lançado o estudo Óscar Lopes - um homem maior do que o seu tempo, esta 5.ª feira às 21h, sendo à tarde anunciado o vencedor do Prémio de Ensaio Óscar Lopes. Daquele livro saiu hoje no Público o texto "Um homem maior do que o seu tempo", do escritor e amigo Baptista Bastos. Os escritores Bento da Cruz, Fernando Guimarães, José Manuel Mendes, Manuel da Silva Ramos, Mário Carvalho e Urbano Tavares Rodrigues estarão presentes num dos encontros.
Vida profissional, política e cívica
Óscar Lopes nasceu a 2/X/1917, em Leça da Palmeira, Matosinhos.
Licenciou-se em Filologia Clássica pela FLUL, em 1941, e depois em Histórico-Filosóficas, pela FLUC. Foi professor liceal entre 1941 e 1974. Entre 1967 e 1971 foi bolseiro do Instituto de Estudos Pedagógicos da Fundação Calouste Gulbenkian. É autor duma vasta obra nos domínios da Linguística e, sobretudo, da História da literatura.
Foi colaborador regular das mais importantes revistas literárias portuguesas, incluindo algumas ligadas à oposição antisalazarista: Seara Nova, Vértice, Mundo Literário, além da Colóquio/Letras, da Camões e do suplemento literário do jornal O Comércio do Porto.
Com António José Saraiva elaborou uma das mais influentes obras da cultura oposicionista sob o Estado Novo, a famosa História da Literatura Portuguesa, editada em 1955 e com mais de 20 reedições posteriores.
A partir de 1942 envolve-se em intensa actividade política e cívica oposicionista, tendo pertencido ao MUNAF, ao PCP (desde 1945), ao MUD, ao MND e à CDE. Entre outros envolvimentos associativos, foi presidente da Associação Portuguesa de Escritores, fundador da Universidade Popular do Porto e dirigente da Associação de Jornalistas e Homens de Letras. A sua intervenção cívica e a militância no PCP foram represaliadas pela ditadura com a prisão por duas vezes, a proibição de saída do país durante um longo período e o afastamento da universidade. Só depois da revolução pôde ser professor na FLUP. Foi membro do Comité Central do PCP entre 1976 e 1996.
Além de várias medalhas de honra municipais, recebeu os prémios Rodrigues Sampaio (1967, da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto), Seiva Trupe (id., 1985) e Jacinto do Prado Coelho (1985, do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários).
Foi condecorado em 1989, com a Ordem da Instrução Pública e em 2006 com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, esta atribuída pelo presidente da República Cavaco Silva.

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