quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

"Sirius" de Manuel José Marques da Silva

A 18 de Dezembro de 1961, a Índia invadiu os territórios de administração portuguesa com vista à sua libertação.

As tropas portuguesas que lá se encontravam não receberam ordens claras sobre o que fazer. Entre eles encontrava-se Manuel José Marques da Silva, à época comandante da lancha Sirius.

No dia do ataque indiano, sem ter recebido quaisquer instruções do Comando Naval de Goa sobre como actuar em caso de ataque, e depois de ver o navio de guerra Afonso de Albuquerque encalhar, decidiu afundar a lancha.

Como mandam os manuais militares, nos dias seguintes conseguiu evitar fazer-se prisioneiro. Cumpriu as regras e recusou lutar até à morte, como pretendia Salazar.

A salvo com os seus homens, chegou ao Paquistão num cargueiro grego. De regresso a Lisboa, a sua atitude não foi bem recebida por um regime que defendia a resistência na Índia até ao último soldado.

Depois de um processo moroso e sem direito ao contraditório, acabou por ser expulso da Marinha.

Quarenta e seis anos após a invasão de Goa, Damão e Diu, foi lançado o livro Sirius - Índia, 18 de Dezembro de 1961 - Três Casos de Marinha.

Com prefácio de Maria Flor Pedroso, a obra revive a experiência de três militares no dia em que as forças indianas ocuparam os territórios. O comandante Marques da Silva recorda que, após receber ordem para afundar a lancha Sirius, viria a ser proscrito da História da Marinha.

Uma segunda parte é referente ao vice-almirante Fausto Morais de Brito, que deslocou uma outra lancha, a Antares, de Damão para o Paquistão.

Do capitão-tenente Vitor Marques Pedroso são reveladas as cartas no cativeiro em Pondá.

Um livro importante para a compreensão destes acontecimentos da nossa História recente.

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