segunda-feira, 21 de maio de 2007

O Saudoso tempo do fascismo - 23/05/2007 - 19:00 horas no Biblioteca-Museu da República e Resistência



O encenador e dramaturgo Hélder Costa é actualmente encenador do grupo de teatro “A Barraca”, e fundou em 1970 o Teatro Operário de Paris.

Dirigiu cursos e participou em congressos e festivais em França, Alemanha, Suíça, Argentina, Cabo Verde, México, Chile, Colômbia, Venezuela, EUA, URSS, Bélgica, Itália, Macau, Nicarágua e Uruguai.

Ao longo da sua carreira foi distinguido com diversos prémios nacionais e internacionais como: o Grande Prémio de Teatro da RTP; o prémio da Associação de Críticos; e o Prémio da Associação de Actores e Directores da Catalunha e 1º Festival da Ciudad de México.

"Escrito naquele tom descontraído de quem domina a velha arte de contar histórias, O Saudoso Tempo do Fascismo é uma colectânea de relatos situados na fronteira entre o memorialístico, o pedagógico e o humorístico. Recortes do tempo que falam dos bailes e do «arame farpado», da emancipação das mulheres, das críticas à praxe coimbrã, das arrogâncias do poder e do seu escarnecimento, das experiências teatrais, da contestação à guerra colonial, das peripécias que rodearam um inevitável «salto» para Paris. Histórias contadas com uma deliciosa dose de humor e ironia. Veja-se o exemplo da tentativa de captura do autor pela PIDE – «15 gajos de metralhadoras, partiram os teus móveis, levaram tudo» – que Hélder Costa recorda do seguinte modo:

Comecei a rir, a pensar no ódio dos Pides quando entraram no meu quarto. Eu tinha preparado um cenário para lhes fazer perder a paciência. Em cima da secretária, um livro aberto de Mao Tsé-Toung sobre tácticas de guerra, e em cima do guarda-fato tinha posto um pacote com a indicação «não mexer».
Dentro do pacote estava um enorme caralho das Caldas, com um lacinho cor de rosa… coitados, é natural que me tivessem partido a mobília… um grupo de bons rapazes amantes da Pátria e tementes a Deus, católicos, apostólicos, Romanos, com certeza habituados a transportar o andor em Fátima, funcionários da toda impune, poderosa e terrífica Polícia de Investigação e Defesa do Estado, a serem gozados por um puto estudante de Direito!"


Do Blogue "Passado/Presente a construção da memória no mundo contemporâneo"

Sem comentários: