domingo, 16 de setembro de 2007

Aquilino Ribeiro no Panteão Nacional

Dia 19 de Setembro, quarta-feira, os restos mortais do escritor Aquilino Ribeiro (1885-1963) terão honras de Panteão Nacional. O assunto tem dado polémica, devido ao seu alegado envolvimento no regicídio. No entanto, convém não esquecer que o autor de O Malhadinhas foi um activista político persistente e destemido a favor da liberdade e da democracia, um republicano que lutou desde a primeira hora contra a Ditadura Militar (participou na revolta de 7 de Fevereiro de 1927, em Lisboa). Na sequência desta acção, esteve exilado em Paris. De regresso a Portugal, fez oposição ao Estado Novo, aderiu ao MUD (1945) e empenhou-se na defesa e difusão da causa democrática, nomeadamente, em textos publicados na imprensa diária, apoiou a campanha presidencial de Norton de Matos (1948), integrou a Comissão Promotora do Voto, militou na candidatura de Humberto Delgado à presidência da República (1958).
Deixou uma obra literária vasta, diversificada e de qualidade reconhecida, tendo sido candidato ao Prémio Nobel da Literatura (1959). O romance Quando os lobos uivam foi apreendido e alvo de processo-crime, supostamente por "desacreditar as instituições vigentes" (1959). A candidatura ao Nobel e as pressões em defesa do escritor levaram a que o governo recuasse na perseguição judicial a Aquilino, que seria amnistiado a 12-11-1960, dias antes de ir a julgamento. [Informação biográfica e bibliográfica por Serafina Martins aqui; sobre o processo movido a Quando os lobos uivam ver: Clara Crabbé Rocha, "Ribeiro, Aquilino", in Fernando Rosas e J. M. Brandão de Brito, Dicionário de História do Estado Novo, vol. 2, 1996, p. 841-842].
Esta ocasião deveria, por isso, ser aproveitada para dar a conhecer a obra literária e o activismo político e cívico de Aquilino Ribeiro.
Na Biblioteca Museu República e Resistência (CML) está, desde a semana passada, patente uma mostra de livros de Aquilino Ribeiro autografados e dedicados ao jornalista e escritor republicano Carlos Ferrão (1898-1979) e que integram a "Biblioteca Dulce Ferrão".

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