domingo, 28 de outubro de 2007

Andrée de Jongh in memoriam (1916-2007)


A condessa Andrée de Jongh, Dédée nos anos de resistência contra a ocupação nazi durante a 2ª Guerra Mundial, morreu no passado dia 13 num lar de terceira idade em Bruxelas.

Andrée foi uma heroína da luta contra as forças do Terceiro Reich.

A invasão da Bélgica em 1940 foi rápida e decisiva e a maior parte do país tolerou os ocupantes. Houve quem não o fizesse, porém, e com grande sacrifício e risco da própria vida, como o pai de Andrée, fuzilado depois de um julgamento sumário.

O que levou homens e mulheres a procederem contra a prudência colaboracionista dominante foi um imperativo moral simples que Andrée de Jongh descreveu assim: “Quando a guerra foi declarada eu sabia o que precisava de ser feito. Não houve uma hesitação. Não podíamos parar o que tínhamos a fazer, embora soubéssemos o custo. Mesmo que o preço fosse as nossas vidas, tínhamos de lutar até ao último alento.”

A acção a que Andrée se dedicou foi a recolha, abrigo e transporte até Espanha de militares aliados encontrados em território ocupado.

Entre 1941 e 1944, esta linha de evacuação, conhecida por Linha Cometa, salvou quase 700 aviadores aliados.

Até ser traída e presa em 1943 pela Gestapo no país basco francês, Dédée organizou e conduziu até ao norte de Espanha muitos homens cujas vidas foram assim salvas.

Depois da guerra, Andrée de Jongh, libertada de um campo de concentração alemão, recebeu a mais alta condecoração dada a estrangeiros na Grã-Bretanha, a medalha da Liberdade dos Estados Unidos da América, a Legião de Honra e a Cruz de Guerra belga.

Pouco depois, partiu para como enfermeira para uma leprosaria no Congo Belga e, anos mais tarde, para outra na Etiópia.

Só as maleitas da velhice a fizeram voltar à Bélgica.

É bom lembrar-nos dela.

Não podemos esquecer que um quarto da população alemã acha, hoje, que Hitler, afinal, também tinha o seu lado bom.

Fonte: José Cutileiro no Expresso de 27/10/2007

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