Faleceu esta sexta-feira o antifascista Alexandre Babo, aos 91 anos de idade. O seu féretro está hoje em câmara-ardente na Igreja Paroquial da Parede e o funeral realiza-se amanhã.
Alexandre Babo nasceu em Lisboa a 30/9/1916. Em 1933 ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa e em 1936 entrou para a Maçonaria, militando na Acção Anticlerical e Antifascista e no Bloco Académico Antifascista, onde lutou contra o salazarismo.
Com Amaral Guimarães e Abílio Mendes fundou as Edições Sirius, em 1941, que deram uma relevante contribuição cultural. Após a guerra, muda-se para Paris, como delegado da revista Mundo Literário.
Tornou-se militante do PCP desde 1943, tendo também participado no Socorro Vermelho, uma organização ligada à Internacional Comunista. Como advogado interveio em defesa de presos políticos nos julgamentos do Tribunal Plenário do Porto. Fez parte do Conselho do Porto do MUD e da Comissão Distrital da Campanha do General Norton de Matos, em 1948/9.
Foi co-fundador e director do Círculo de Cultura Teatral e do Teatro Experimental do Porto, tendo neste convidado António Pedro para encenador. Em 1959 saiu do TEP para fundar o Teatro Moderno, com Luís de Lima e Fernando Gaspar, sediado no Clube dos Fenianos, também no Porto. Várias das suas peças foram proibidas e apreendidas pela censura salazarista, nomeadamente Estrela para um epitáfio (1961) e Jardim público (1972), bem como os seus livros de contos Autobiografia (1957) e Sem vento de feição (1972).
Em 1960 muda-se para Londres, como correspondente do Jornal de Notícias e colaborador da BBC. Em 1964 regressa ao país, e funda O Palco Clube de Teatro, em Lisboa.
Em 1973 é um dos fundadores da Associação Portuguesa de Escritores (APE), tendo sido sócio da sucessora SPA desde 1977. Co-fundou ainda a Liga para o Intercâmbio Cultural Social Científico com os Povos Socialistas, a Associação Portugal-URSS e a Associação Portugal-RDA.
Foi colaborador regular das secções literárias de várias revistas e jornais. Entre a sua vasta obra literária, destacam-se as suas peças teatrais, os seus textos de crítica teatral e os livros autobiográficos Recordações de um caminheiro - entre duas guerras (1984), Recordações de um caminheiro - a longa espera (1993), Carlos Babo: o espírito da resistência (1995) e No meu tempo (1999).
Fontes principais: Infopedia, SPA e Urbano Tavares Rodrigues («Alexandre Babo escritor e revolucionário», in Avante!, n.º 1386, 21/6/2000). Nb: imagem retirada daqui.
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