domingo, 25 de fevereiro de 2007

As Vidas dos Outros














Fui hoje ver o filme alemão As Vidas dos outros do realizador alemão Florian Henckel von Donnersmarck.

O filme retrata a evolução de um polícia da STASI, a polícia política da ditadura na RDA, que, tendo como missão espiar um famoso dramaturgo, acaba por encobrir o seu acto “subversivo” de ter escrito um artigo para uma revista da Alemanha Ocidental.

A história começa nos meados dos anos 80 e termina já depois da reunificação da Alemanha.
Um famoso dramaturgo alemão, admirador de Brecht, vê-se confrontado, sem o saber, com o desejo do Ministro da Cultura pela sua namorada, uma actriz famosa, admirada pelos amantes de teatro.
Disposto a tudo fazer para encontrar motivos políticos para a prisão do referido autor, ordena à STASI que o vigie. É a partir daqui que o polícia encarregue da sua vigilância começa um percurso de interrogações que o vão levar a acabar numa cave da STASI como funcionário menor.

O dramaturgo da história, homem com interrogações quanto ao regime mas que nunca o pôs verdadeiramente em causa, é confrontado com o suicídio de um amigo que fora, entretanto, colocado na lista negra do regime.
Resolve então escrever o referido artigo na Alemanha Ocidental sobre os suicídios na RDA, escondidos na estatística como homicídios.

Confrontado com as verdadeiras razões por que está a desempenhar aquela missão (o capricho sexual de um ministro) e assistindo, ao longo de vários dias, aos sentimentos, diálogos e razões dos que espia, o oficial da polícia acaba, também ele, por interrogar-se sobre o regime que o faz vasculhar “As vidas dos outros”. Acaba por sacrificar a sua vida profissional salvando o dramaturgo da prisão, mas não consegue impedir mais um suicídio – o da namorada que acaba por denunciar o dramaturgo, quando presa pela STASI e ameaçada com a destruição da sua vida, apesar de ter confiado no polícia que a quis salvar. Infelizmente, este não conseguiu fazê-la compreender a tempo a sua cumplicidade.

É um filme de esperança, pois que os homens pensam e, ao pensarem, podem alterar a vida - a sua e a dos outros.
É também um filme de e com Memória.

Vão vê-lo.

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