terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Fernando Ruiz Vergara: crónica de uma perseguição política

Por sugestão da Paula Godinho, deixada na caixa de comentários do post dedicado a Dionísio Pereira, reproduzimos a seguir as informações que Dulce Simões nos fez chegar sobre o cineasta Fernando Ruiz Vergara, o qual foi, tal como aquele historiador galego, julgado em tribunal simplesmente porque fez um documentário em que denunciava crimes do franquismo. Aí foi condenado e se proibiu a exibição do seu filme «El Rocio» (1980). Aproveita-se ainda para deixar aqui um texto de enquadramento de Germinal e uma resenha crítica ao filme.
"Fernando Ruiz Vergara realizou nos finais dos anos 70 um documentário denominado «Rocio», que para além da famosa romaria de Huelva, aludia à guerra civil em Almonte e à repressão franquista, identificando as vítimas e os principais responsáveis pela repressão. Como consequência, a família Reales destruiu-lhe a vida, a película foi censurada e proibida em Espanha, e Fernando Ruiz Vergara foi condenado a dois anos e meio de prisão, a uma multa de 50.000 ptas., e ao pagamento de dez milhões de pesetas de indemnização à família Reales. Isto ocorreu durante a transição da UCD para a maioria absoluta do PSOE, em 1982. Arruinado, destroçado e deprimido Fernando Ruiz Vergara ficou só, e o advogado apenas conseguiu livrá-lo da prisão. 25 anos passados, outra «família Reales» mantém o Poder de destruir a vida de um historiador que, como Fernando Ruiz Vergara, apenas lutava pela recuperação da memória histórica. No site http://www.rojoynegro.info/2004/article.php3?id_article=13282 podem aceder ao movimento de solidariedade para com Dionisio Pereira, encetado por um grupo de historiadores espanhóis. 17 de Fevereiro de 2007."
Dulce Simões

4 comentários:

Anónimo disse...

Quero agradecer à Paula Godinho ter despertado, neste blog, o interesse por Fernando Ruiz Vergara, aproveitando para corrigir um erro: escrevi Ayamonte, quando se trata de Almonte, as minhas desculpas. Quero ainda dizer-vos que conheci Fernando Vergara (radicado em Portugal há vários anos) por intermédio do historiador Francisco Espinosa Maestre. Durante o 25 de Abril Vergara organizou inúmeras actividades culturais e ciclos de cinema de Norte a Sul do País, dedicados principalmente aos seus compatriotas espanhóis, ainda sob o jugo franquista. A 1ª Mostra de Cinema de Intervenção, realizada no Estoril em 1976, iniciativa conjunta de Ana Vila e Jaime Montaner, marca o desfecho desses anos vividos intensamente em Portugal, e o seu regresso à Andaluzia (após a morte do ditador), para intervir culturalmente no seu País. “Rocío”, forjado na experiência vivencial do 25 de Abril, representou simultaneamente o início e o fim dessa utopia, e o regresso forçado ao Portugal dos anos 80. Apenas nos últimos anos Fernando Ruiz Vergara foi reabilitado em Espanha, através da exibição do seu filme em eventos culturais e Jornadas de recuperação da memória histórica da Guerra Civil.

Anónimo disse...

Dulce Simoes me invita a colaborar en esta página, lo que hago con gusto tanto por venir de ella la petición como por estar al medio mi amigo Fernando Ruiz Vergara. Espero que disculpen que lo haga en castellano. La historia de Dionisio Pereira ha surgido en un momento en que la sociedad española se encuentra muy sensibilizada respecto a los aspectos más duros y desconocidos de la guerra civil. Esto no es casual. Hace ya diez años que se dieron los primeros pasos por la recuperación de la memoria histórica, es decir, por el sacar a la luz el pasado oculto. Pero la historia de Pereira no es la primera.
El primer caso, a comienzos de los 80, fue el de Ruiz Vergara y su documental “Rocío”, contra el que triunfó la querella presentada por la familia Reales, a uno de cuyos miembros, José María Reales, para entonces ya fallecido, se le relacionaba con la represión fascista en Almonte, localidad de la que había sido alcalde antes de la República. Los problemas, además, también cayeron sobre uno de los vecinos que ofrecían su testimonio en el documental. Todos pasaron por juicio y las imágenes en las que se aludía a Reales fueron eliminadas del filme. La censura no sólo ha perdurado sino que su huella ha sido borrada, de modo que cuando se ha pasado por TV ya ni siquiera aparece la pantalla en negro con el número del decreto censor en el centro. También la familia se mantiene alerta. Cuando hace sólo unos años organizamos en Huelva un homenaje a Fernando Ruiz Vergara que incluía la emisión de “Rocío” rápidamente se movilizó de nuevo la familia Reales para evitarlo, siendo apoyada por la desinformación de algún medio de comunicación y por algún partido político. Pero el documental se vio íntegro.
Diez años después, en diciembre de 1991, hubo otro caso en Córdoba. El investigador Isidoro Sánchez contó en un artículo publicado en una revista de Luque un episodio represivo de la guerra civil en el que implicó a un vecino del pueblo. Interpuesta la denuncia por la familia, la jueza de Baena decidió el secuestro inmediato de las planchas de imprenta y la retirada del libro. Diversos testimonios conservaban memoria de aquel hecho pero no importaba: por lo visto la (auto)amnistía de octubre de 1977 lo había borrado todo. Nuevamente el autor se vio en enormes apuros y hubo de enfrentarse al pago de una cantidad de dinero muy considerable. Este caso de Luque constituyó un aviso para caminantes. Ya habían sido publicados, precisamente en Córdoba, libros clave sobre la guerra civil y estaban en marcha otras muchas investigaciones que debieron plantearse qué hacer con esta cuestión.
Ahora finalmente llega el caso de Dionisio Pereira, precisamente en Galicia, una de las tierras más afectadas por el golpe militar y la represión fascista. Las perspectivas son malas: de aprobarse la Ley de Memoria Histórica elaborada por el Gobierno de Rodríguez Zapatero la Justicia dará la razón a la familia que se ha querellado. Por lo pronto, si sale adelante el anteproyecto, la identidad de los represores quedará oculta por prescripción legal. De ahí que muchos pensemos que esta ley sólo puede ser deseada por la derecha, que callada aguarda que otros hagan lo que ella no se atrevería a hacer, y que lo mejor es que sea retirada cuanto antes.
Saludos para todos y perdón por la extensión.
Francisco Espinosa Maestre

Cláudia Castelo disse...

Dulce Simões, muito obrigada pelo seu testemunho e pelas informações complementares que nos deixa sobre o cineasta Fernando Ruiz Vergara.
Francisco Espinosa Maestre, obrigada pelo enquadramento que faz da situação em Espanha relativamente à memória da Guerra Civil e do franquismo. Obrigada ainda por nos dar a conhecer mais um caso, o do investigador Isidoro Sanchez, também ele vítima de censura por revelar um episódio repressivo da Guerra Civil em que estava implicado um vizinho de Córdoba. Considero que a aprovação de uma lei que permite que a identidade dos repressores fique oculta é um péssimo serviço à democracia, à verdade histórica e ao futuro!

Anónimo disse...

Sempre tive o sentimento, nesse caminhar, andar pela vida, de ser um sortudo. Esse sentimento é confirmado, pelo privilégio que os meus semelhantes me proporcionam.
Andar, viver, é esse o caminho, apesar dos obstáculos, é o que dá razão à vida.
Todos caminhamos, todos queremos, mais ou menos as mesmas coisas; sermos felizes.
Mas essa felicidade, nos compete a nós realizar, não é uma quimera, e a utopia que fomos capazes de a inventar, ainda por cima é mais divertido, apesar de...

Vamos.

Fernando Ruiz Vergara